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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 31.10.14

Happy Halloween!

Como hoje o dia começou ás 7h e só terminará ás 21h (creio que termina MESMO, porque no segundo em que cair na cama, não me levanto mais), quero aproveitar este meu humilde momento de pausa para vos desejar a todos um Feliz Halloween. Não é nenhuma data extraordinária, mas para mim é um dos dias mais giros do ano. Desde pequenina que adoro tudo o que seja bruxas, fantasminhas, casas assombradas e todos os derivados que habitam no mundo do Fantástico. À medida que fui crescendo, tornei-me também fã de filmes de terror, e hoje em dia, a trabalhar com crianças, gosto de lhes proporcionar ao máximo o que eu gostaria que me tivessem proporcionado a mim neste dia ao longo do meu crescimento. Já se vai ligando mais à data, mas como não é uma celebração portuguesa, fica muito "out" daquilo que eu gostaria de ver. E eu vou-me esforçando para a tornar cada vez mais presente. Vou fazendo a minha parte.

Tive várias celebrações em pequenina. Uma das que nunca mais me esqueci, foi o "Doce ou partida" na minha Rua, com os meus amigos-vizinhos. Outras mais pacatas, mas que também me ficam no coração, foram as infindáveis festas do pijama com as amigas, com pipocas e filmes até ás tantas. Hoje, tive outro tipo de celebração. Igualmente gira. Desta vez em trabalho. Falarei dela mais à frente. 

Agora Adeuzinho, que o meu Dia das Bruxas ainda está longe de terminar (ao menos estou a trabalhar NO TEMA. Não me posso queixar!)

 

Qui | 30.10.14

Sunshine Yoga

Esta minha ausência aqui pela barraquinha tem sido devido a trabalho (graças a Deus), e desde já peço desculpa :)

Hoje quero adiantar uma das razões principais... o meu novo (grande) desafio, motivo também de imenso entusiasmo: o curso de professores de Yoga para crianças e bebés, realizado pela escola Sunshine Yoga.

E vocês perguntam-se: então mas tu não és das danças? Onde é que o Yoga entra na equação da tua profissão? Ou nos teus objetivos?

Para ser bastante sucinta, o Yoga entrou na minha vida há já algum tempo, ainda que sempre de forma básica e resumida. Há um par de anos atrás, pude executá-lo numa cadeira do curso superior de Dança, denominada "Técnicas Corporais de Bem-Estar" e, mais tarde, de forma um pouco mais elaborada (ainda que não tenha deixado de ser de forma básica) no Conservatório Superior de Danza de Málaga, em Espanha. Isto para responder que, de facto, o Yoga não me é totalmente estranho e que sempre me interessou.

No entanto, e sempre cética perante a capacidade das crianças o executarem de forma interessante e adaptada, nunca me interessei muito por me aprofundar nesta área e, mais tarde, ensiná-la. Sempre pensei em ter aulas por fora, apenas por prazer, mas a falta de tempo, de dinheiro e etc sempre me levaram a deixar esta ideia para trás.

Tudo mudou quando ouvi falar da Sunshine Yoga, uma Escola que tem como Diretora a querida Ana Sofia Barrias. Li sobre o seu percurso, sobre este seu projeto, sobre algumas das metodologias, as suas ideias, os benefícios desta prática..., e de imediato me senti tentada a estar presente no curso que formaria os próximos professores de Yoga para crianças e bebés da Escola. 

Sendo que, após a minha "não (re) entrada" na faculdade, decidi ficar este ano apenas a trabalhar, a alargar horizontes e a redescobrir o meu caminho , considerei esta hipótese...e depois de muito pensar e debater o assunto com a família e os amigos, decidi arriscar a expansão dos meus "horizontes de professora" para lá da Dança. Creio que é uma excelente forma de, não só ser mais versátil a nivel de modalidades a lecionar, como também de me tornar uma melhor professora: mais estratega, mais adaptada ás necessidades de cada turma, mais apta a direcionar as aulas da forma que pretendo (com novas técnicas, novos métodos de ensino, cheios de aprendizagem a assimilar, mas também cheios de momentos lúdicos e divertidos, adequados ás faxas etárias.)

Dia 25 deste mês, tornei-me oficialmente formanda e futura professora da Sunshine Yoga Baby & Kids. Tive as minhas primeiras vinte horas intensivas de curso, no espaço de um fim-de-semana. Ou seja, 10 horas no Sábado passado, e outras 10 no Domingo. Escusado será dizer que estou de rastos (o resto da semana não foi propriamente menos intensivo, por outros motivos. Lá chegaremos noutro post)... mas quero também salientar o quão me sinto de CORAÇÃO CHEIO e super entusiasmada. Estou a adorar cada segundo, cada prática, cada momento teórico e cada pessoa que está a partilhar esta experiência comigo (formadoras e formandas... só women power!) Estou ansiosa pelas próximas 20 (intensivas) horas, que só se realizarão daqui a umas semanas. E depois dessas, mais uns quantos pares de horas estarão pela frente!

Se for do vosso interesse, aconselho vivamente a espreitarem a página da Escola Sunshine Yoga e a lerem um pouco mais sobre este Projeto da Ana Sofia Barrias, que se continuar por este caminho, será com toda a certeza do Mundo um sucesso ainda maior, capaz de ajudar as crianças (e famílias) do futuro a muitos níveis.

Seg | 20.10.14

Geração Instantânea

Uma das coisas que mais me preocupa e atormenta enquanto Professora de Dança de crianças/jovens é a mentalidade das mesmas perante o esforço e dedicação que se tem de aplicar a qualquer que seja a modalidade, para bem suceder. 

Já não é a primeira nem a segunda vez que me deparo com alunos que, após três ou quatro aulas, desmotivam. A razão?

"É uma seca. Eu quero dançar coisas mais fixes/rápidas/difíceis" (já ouvi as três versões).

Quando me iniciei a dar aulas, tive um ou dois casos assim e fiquei preocupada. "Estarei eu a falhar? Não estarão as coreografias adaptadas a esta faixa etária?"

Apercebi-me então que as mesmas crianças/jovens que me diziam querer exercícios e coreografias mais complexas não executavam sequer satisfatoriamente as básicas. E no entanto lá andavam elas, todas contentes, a fazer NADA e a aprender ainda menos.

Voltei então ao básico. Apanhei com alguns "revirar de olhos" e alguns "assopranços" de aborrecimento por parte dos alunos que se achavam já capazes de mais. Tive então de lhes (voltar a) explicar que as aulas de dança funcionavam como um jogo de computador: Para passar ao nível seguinte, era preciso dominar primeiro o anterior.

"Mas isto é uma seca."

Tive de ser inflexível. Se avançasse para um maior grau de complexidade sem antes garantir que dominavam o básico, então não estaria a ensinar Dança, mas sim a entreter meninos nas horas vagas.

Durante o processo de captação das bases, não deixei de os motivar e tentei inspirá-los ao máximo. Mostrei vídeos, aconselhei filmes, fiz demonstrações de coreografías mais avançadas...tudo com o propósito de lhes explicar que, um dia, poderiam ser eles a fazê-las. Fi-los ver que, para terem aquele nível, tinham de merecer... Tinham de me provar que o esforço, a dedicação e a sua atenção valíam a pena para se superarem. Tive de lhes provar que o básico seria tão ou mais precioso do que o que viria a seguir.

Nessa turma, o processo foi longo. Apenas uma "abandonou o barco". Consegui mantê-los focados. Mesmo nos dias mais difíceis, consegui arranjar motivação para lhes transmitir. E no final do ano, todos sentimos que a missão havía sido cumprida, ainda que a tarefa de se tornarem os melhores estava longe de terminar. Era (e é) um processo para a vida e aplicável a tudo o que fizerem. Eles acabaram por compreender.

Este ano tenho mais dois ou três casos destes. Alunos desmotivados por acharem que estão preparados para grandes voos, sem sequer saberem abrir as asas. E eu começo a aperceber-me que estamos perante uma geração que acha que consegue o que quer à distância de um "click", sem qualquer esforço envolvido. 

A culpa? Do Mundo que os rodeia... Da sociedade em que estão inseridos:

- Pais que os inscrevem nas modalidades e pensam que, assim que pagam a primeira mensalidade, têm perante eles filhos transformados em estrelas, como que por milagre;

- "Reality shows" que nada têm de real, como a "Casa dos Segredos", em que se transmite que estar fechado numa casa sem fazer népia durante uns meses e gerar algumas polémicas é a porta mais direta para a fama, para serem cantores, atores, bailarinos e gente digna de capas de revista. São desafinados? Desajeitados? Não têm qualquer tipo de formação? Não faz mal! A Casa dos Segredos justifica qualquer ascenção; 

- "Talent Shows", como Ìdolos, The Voice, Aqui Há Talento, e coisas que tais, que de facto entretêm naquelas horas de poucos afazeres, mas que apenas se focam em supostos talentos saídos do nada. Esquecem-se de dar relevância a todo o trabalho que está por trás, a toda a formação, a todos os ensaios intensivos, a todas as perdas que vieram antes das conquistas. Focam-se em inspirar pelas vozes e desprezam o caminho que estas percorreram. Até o "Dança com as Estrelas" é interpretado da seguinte forma: "Ela aprendeu isto numa semana? Uau, brutal! Afinal é fácil...e rápido!" Ainda que mostrem os ensaios, tentam sempre mostrar o seu lado mais soft;

- Outros responsáveis  pela atitude das crianças de hoje em dia perante a ilusão do "sucesso instantâneo" que podemos evocar, são aqueles que (eu) considero Os Maus Professores de Dança. Aqueles que, para terem e manterem alunos, convencem os mesmos e os seus respetivos pais de que estão perante prodígios que apenas precisam de ajuda para afinar as suas capacidades et voilá! Estão prontos a ascender. Professores que, na minha opinião, não sabem o significado de evolução e de ética, e que enchem a cabeça das pessoas com promessas que não passarão de ilusões se não houver trabalho para tal acontecer.

...

Podia ficar aqui a enumerar mais mil e uma razões que tornam os miúdos de hoje em dia naquilo que chamo de "Geração Instantânea"... mas nunca mais sairía daqui e começar-me-ia a afastar do tema principal: A minha preocupação perante a sua perspetiva de "aula de dança".

O suor, o esforço, o foco, a paixão, a vontade de ser melhor... nada disto faz parte do cenário.

Mas então, o que faz afinal?

Os resultados. Apenas os resultados. Os resultados que eles acham que terão, apenas por aparecerem nas aulas. Aqueles resultados que NÃO terão se não tomarem uma atitude por eles próprios. Aqueles resultados que NÃO verão e que os fará desistir para se irem iludir para outra modalidade/hobbie qualquer.

 As aulas de Dança devem ser divertidas, devem servir para fazer novos amigos, para relaxar de um dia de escola... mas devem também, a meu ver, ter regras estabelecidas e ter como palavras-chave "Disciplina, preserverança, esforço" e afins. Nós, professores, queremos criar bailarinos? Para mim, isso é secundário, quando falamos em ensinar crianças a dançar. Eu prefiro ter "melhores cidadãos do futuro". Menos instantâneos, mais informados, mais focados, mais determinados. Mas receio que estejamos perante uma mudança gravíssima de mentalidades, que já nos fugiu do controlo e não tem volta a dar.

Espero estar enganada. Vou fazendo por isso, começando pelo básico.

Sab | 18.10.14

Limites e direitos

Ontem, duas bailarinas que dançavam no Casino Estoril foram vítimas de queimaduras (graves e menos graves) devido a uma falha pirotécnica. Conheço-as as duas, no entanto não acho relevante deixar aqui o seu nome... Apenas um grande beijinho de melhoras, principalmente à que está em pior estado. Podia ter sido qualquer um de nós, que tantas vezes pisamos palcos para dar o nosso melhor e nem sempre as coisas correm como o esperado.

Pessoal das artes performativas, aproveitem este acontecimento para apurarem o vosso sentido crítico relativamente ao que vos é pedido para fazer em determinados trabalhos. Não aceitem qualquer coisa sem terem consciência dos vossos direitos! Para muitos, somos apenas mais uma parte do cenário, a parte que nele se move. Esquecem-se que somos humanos a tentar ganhar a vida a fazer o que mais gostamos, a meter todo o corpo e coração no que nos formámos, para enriquecer seja o que for que se esteja a passar em cima do palco. Nao se sujeitem a tudo o que vos aparece! Ser bom profissional também passa por aí.

Nao quero dizer com isto que estas raparigas foram alvo de uma produção de má qualidade...não estou a par do acontecimento na sua totalidade e seria injusto falar do que não sei. Até porque acidentes acontecem. Apenas aproveitem a situação para uma introspecção.

Força meninas, desejos de recuperação rápidos para voltarem em grande!!

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