Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Dom | 28.05.17

Oh tempo... não sei se quero que fiques ou que vás

O Tempo está chateado comigo, e com razão. Cá para os meus botões (e para ele) tenho sussurrado baixinho dois pedidos contraditórios. O primeiro é: “por favor, passa depressa”. Estou ansiosa por pôr em palco o espetáculo “Aladino de outras histórias”, mostrar outro grande projeto em que coloquei toda a alma e coração, e fazer os meus póneis brilharem, e respirar de alívio por ter terminado, descansar um pouco deste stress constante. 

Por outro lado, peço ao Tempo: “fica quieto… deixa-te estar." Agora que estamos quase lá, parece que está a passar a correr. "Querido Tempo, deixa-me desfrutar um pouco mais desta azáfama dos ensaios, deste nervoso miudinho, desta sensação de união entre esta enorme família de dança, deixa-me vê-los crescer mais um bocadinho, mas devagar, devagarinho…”

Afinal, em que é que ficamos? – pergunta-me (possivelmente) o Tempo.

Não sei… não sei de todo. Acho que isto é o mais próximo que sei de ser "mãe"(mesmo daqueles que não são meus). Querer vê-los voar, mas querer ao mesmo tempo mantê-los no ninho.

Dizem-me “Deixa lá, para o ano há mais.” Como assim? Não, não há mais. O que houve o ano passado no espetáculo da "Cinderela" não há mais. O que haverá com o "Aladino" também não haverá mais. São fases da vida deles (e da minha) diferentes. São sentimentos diferentes, ainda que semelhantes. São de orgulho, de coração cheio, de alma que não cabe no corpo, mas são diferentes e não voltam mais.

Resta-me aproveitar. O tempo passa, e tem de passar. Cada minuto conta, é efémero.

Para o ano há… outra fase. Outras danças. Outras amizades. Outras paixões. Outros alunos (até os mesmos serão outros, porque vão crescer).

Estou a panicar, não estou? Desculpem qualquer coisinha. Vou só ali arranjar um rímel à prova de água para o dia 30 de Junho e já volto. 

18447228_10154673579531985_4500671485492705174_n.j

 

Seg | 15.05.17

Sobre o filme "A Bailarina"

A-bailarina_filme-470-2.jpg

 

Ontem consegui finalmente ver o filme que esperava há uns bons meses para apreciar: "A Bailarina".

A história baseia-se numa menina orfã que foge com o seu amigo para Paris na esperança de conseguir entrar para a escola de dança da Ópera. Com uma artimanha que nem ela esperava conseguir fazer, entra sem qualquer tipo de bases ou conhecimentos e vai evoluindo com a ajuda da suposta empregada de limpeza da Ópera, Odette, que um dia já havia sido uma grande bailarina também mas que teve de parar devido a uma lesão grave.

Para quem dança, é de facto um filme para nos fazer sonhar e até identificar com algumas situações ou personagens. Eu por exemplo identifico-me bastante com a personagem principal, uma vez que comecei a dançar ballet muito tarde (apesar de, ao contrário de "Felicie", ter muita formação anterior em outras áreas da dança) e em muitas vezes ter-me valido o facto de transbordar de paixão para ultrapassar alguma falta de técnica.

No entanto, analisando "A bailarina" como apenas um filme, e tentando pôr as emoções e a parte pessoal de lado, creio que faltou explorar mais a personagem Odette, a tal ex-bailarina que ajuda Felicie a melhorar a sua técnica e a tornar-se numa bailarina da Ópera de Paris. É uma personagem demasiado presente em todo o filme para ter a sua história referida apenas num "aparte" de 5 segundos entre Felicie e o seu professor de Ballet. Uma vez que as personagens acabam por se ajudar mutuamente (Felicie aprende a dançar e Odette re-aprende a amar a dança), creio que o facto de ficarem "juntas" traria mais alguma intensidade à história ao acompanharmos melhor a história passada de Odette. 

Ainda assim, é um filme "delicioso", que dá vontade de ver outra vez e que tem uma bela mensagem para os jovens de hoje: que nada é impossível se trabalharem para alcançar o que desejam.

Aconselho!