Mostra Dança, Faculdade de Motricidade Humana Universidade Técnica de Lisboa
O que eu quero da Dança? Quero ter permanentemente aquela sensação de que ainda não aprendi o suficiente. Quero ter a segurança de um trabalho como professora, mas também a adrenalina daqueles trabalhos pontuais para anúncios ou espectáculos. Quero ganhar o respeito daqueles que eu mais respeito também, e quero poder ser comparada aos maiores. Quero ser versátil; não quero ter um rótulo de “bailarina do estilo x” na testa, mas quero principalmente dar tudo de mim no Hip Hop e no Contemporâneo. Quero coreografar e fazer o público chorar, sorrir e identificar-se com as minhas criações, quero ser diferente e quero que deixem de ver uma “menina” que diz “faça favor” a quem quiser passar à frente na fila para verem uma “menina mulher” que luta com unhas e dentes por aquilo que ambiciona e não se deixa pisar. Quero ser constantemente inspirada, mas também quero inspirar. Quero suar e demonstrar aos outros que suor é sinal de trabalho, e que apesar de por vezes não ser recompensado, nos deixa a consciência tranquila e o orgulho intacto. Quero fazer compreender a beleza de umas sapatilhas sujas e rotas, e de um pé em carne viva e sem a unha do dedo mindinho. Quero viajar e assimilar culturas na minha forma de dançar e na minha personalidade. Quero tirar fotografias em frente ao Big Ben, à Torre Eifell e ao Coliseu de Roma a fazer um Arabesque ou um Grand Jetes. Quero crescer e casar, mostrar que o Amor e a Paixão pela dança são compatíveis com uma vida familiar e que o meu espírito de dedicação dá para ambas as partes; quero trabalhar que nem louca um dia inteiro e chegar a casa ao final do dia e perguntar ao melhor Homem do Mundo como correu o seu dia, ouvir as suas histórias e interessar-me pelo seu trabalho; quero que se sinta realizado e satisfeito com a mulher que demonstrarei ser todos os dias, merecedora do seu sorriso. Quero ter filhos, e poder mostrar-lhes que com dedicação e alguns sacrifícios, os sonhos concretizam-se; quero fazer deles pessoas fortes e optimistas e ao mesmo tempo meigas e humildes, e quero vê-los tornarem-se em pessoas bem melhores do que eu alguma vez fui. Quero formar uma Companhia de Dança que consiga fundir os mais variados estilos que existem, passando a mensagem de que a Dança é uma só Força e não uma força dividida em vários vectores, e pelo meio fundar uma Academia em meu nome, onde todos se possam deslocar e aprender um pouco mais. Quero trabalhar com pessoas com doenças físicas e mentais e quebrar as barreiras da felicidade através do Movimento Expressivo, e quero que essa tal academia tenha espaço para essas pessoas também, porque os tutus ficam bonitos em corpos estupidamente perfeitos, mas eu cá prefiro um sorriso genuíno de quem está a calçar umas sapatilhas pela primeira vez. Quero gritar e stressar com aqueles que um dia trabalharão comigo num projecto gerido em prol das artes do espectáculo; quero apertar a mão aos bailarinos mais admirados e respeitados em seminários internacionais, e quero trabalhar com o Filipe la Féria nem que seja a limpar-lhe o suor da testa, porque aquele homem pode ser uma besta de pessoa, mas é um génio de besta. Quero ter uma coluna numa secção cultural de um Jornal qualquer, em que escrevo e critico todos os espectáculos de dança que conseguir coleccionar como espectadora. Quero conseguir concretizar metade do que aqui listei! Mas quero acima de tudo que a Dança me continue a fazer feliz e a fazer sonhar, todos os dias da minha vida.
Se há coisa em que sou completamente viciada, é em livros. E por mais que não pareça durante os semestres de faculdade, ler é das coisas que me dá mais prazer de fazer. Agora que consegui "agarrar" duas semaninhas de férias, decidi "agarrar" também um livro para me entreter nas horas em que não foram combinados passeios ou saídas, e nas horas em que a TV e o computador já me saturam tanto a vista como a mente. Desta vez, escolhi um dos clássicos da literatura universal que sempre tive curiosidade em ler: O Monte dos Vendavais, da autora Emily Bronte, publicado pela primeira vez em 1847.
"No início, a crítica literária inglesa achou-o estranho, confuso, improvável, ambíguo, excessivamente apaixonado e violento." Just like me ;)
E portanto penso que faz todo o sentido viajar durante estas férias ao encontro de uma história de amor, ascenção, família e vingança, e descobrir que mistérios existem por detrás do tão aclamado Monte dos Vendavais.