Palavra de Bailarina

 

Meu tão imponente Teatro,

ainda não foi ontem que te pisei para receber palmas e brilhar na luz... ainda não vai ser este ano. No entanto, ontem visitei-te e usei-te como local de ensaio. Entrei pela porta dos artistas, troquei de roupa nos camarins dos grandes senhores do espectáculo e ensaiei durante duas horas no teu quadrado, pequeno mas tão respeitável palco. Olhei de frente para as cadeiras vazias onde se sentia a energia de uma plateia de milhares de pessoas que em quase 80 anos de vida encheste. Ouvi o barulho das palmas mesmo estando rodeada de silêncio. Observei os quadros dos grandes mas já falecidos artistas portugueses. Não sei se é maluquice, cansaço, hipersensibilidade ou pura paixão, mas assim que pus os pés em cima do teu palco vi nas bancadas a menina de 11 anos que outrora vidrada na música, nas luzes, no frenesim e na dança prometeu à mãe que um dia pisaria aquele palco também....Vieram-me as lágrimas aos olhos..

Meu tão adorável Teatro, hoje fui tua bailarina por duas escassas horas. Entreguei o meu suor, a minha dança e a minha essência no teu santuário.

Para o ano, fá-lo-ei todos os dias. Vou trabalhar para isso... vai doer, mas vou lá chegar. Voltarei de um dos poucos conservatórios superiores de dança do Mundo e volto para ti. Dou-te a minha palavra.

 

Da tua eterna fã,

Joana