Um dia partilhei com alguém que "a minha vida dava um livro". Um daqueles confusos, cheios de pensamentos, emoções, luta, sentimentos, momentos... Como qualquer vida, de qualquer pessoa, de qualquer lugar, e no entanto sempre tão diferente.
Sempre fui uma rapariga muito "intensa", daquelas que vive tudo à flor da pele, que sente as coisas como ninguém as sente e que vê o Mundo como mais ninguém vê; daquelas que dramatiza a mais simples situação, que traduz a linguagem corporal de quem a rodeia ao milímetro, que leva as palavras que escreve e que lhe dizem tão a sério que por vezes até as profetiza mesmo quando os restantes ja se esqueceram de as ter proclamado ou mesmo ouvido da minha boca.
Ainda tenho 20 anos e já fiz coisas que muitos ainda sonham conseguir fazer, por falta de coragem ou recursos. Tenho tido muita sorte, é certo. Tenho uma família extraordinária que me ensina diariamente a ser uma lutadora e que ao mesmo tempo me dá todos os reforços possiveis e imaginários para me mostrar que nunca luto sozinha.
Nunca fui igual a ninguém... aliás, nunca quis ser nem nunca fiz por isso. A minha madrinha sempre me disse para "seguir o coração, sem medo das consequências". Percebo o que ela quis dizer, e sempre levei esse conselho (demasiado) à letra. No entanto, é graças a isso que hoje digo: "A minha vida dava realmente um livro."Porque tenho a certeza que em todos os momentos da minha vida, quer os das más como os das boas decisões, quer os dos orgulhos como dos arrependimentos, quer os momentos das lágrimas como os dos sorrisos, quer os do coração despedaçado como os do coração aquecido...sempre fui eu a escritora do meu próprio guião. E jamais deixarei que alguém, algum dia, ouse fazê-lo por mim.
Ainda vou no primeiro capítulo! (a caminho do segundo) :)
Costumo agir de acordo com aquilo que me faz feliz, e muitas vezes o que me faz feliz é o sorriso e o bem-estar das pessoas que mais gosto.
Mas e quando damos tudo por uma pessoa e essa pessoa se esquece tão facilmente da nossa existência que nos apaga da sua vida como se nada fosse? E quando essa pessoa prefere fingir que a minha existência em nada contribuiu para a sua vida quando outrora disse exatamente o contrário? E quando essa pessoa nos considera "mais uma que por aqui passou" depois de todas as demonstrações de afecto, amizade, amor, respeito ou whatever... Como é?
Eu respondo: É uma M-E-R-D-A.
Não costumo agir em troca de algo, mas há actos estritamente emocionais que são bons de ter retribuídos.
Sabes a vontade que tenho de te gritar aos ouvidos? De fazer um escândalo? De abrir a minha boca para tudo o que nunca foi dito? Sou humana, mas neste momento o meu instinto animal diz-me que te devia desfazer em bocados com palavras dolorosas e actos pouco civilizados.
JURO por tudo o que me é mais sagrado que, com este assunto, estou arrumada e não vou verter nem mais uma lágrima.
Acho que nunca me enganei tanto em relação a uma pessoa.
Ontem as dores horriveis que tive (nem vou dizer de quê xD) não me permitiram agarrar no meu próprio rabo e arrastar-me até ás festas do Barreiro para ver o meu grupo dançar. A única razão para não o fazer? Não. Sinceramente, fui cobarde. Não quis enfrentar aquele palco de novo, fosse como uma simples espectadora ou como bailarina integrante. Noites antes sonhei com aquela fatídica noite... com o desespero, as lágrimas, o sentimento de impotência; acordei e lembrei-me dos dias e semanas que se passaram após isso: O cheiro intenso a flores da capela, a presença constante da morte diante dos nossos olhos, os pesadelos sem fim, a preocupação pela Patty e pela sua família, os choros, os gritos da mãe da Sandra... No meu íntimo senti sinceramente que se fosse àquela festa e estivesse ali presente que tudo se voltaria a passar de novo, ainda que na minha cabeça. Fui capaz de falar com alguém sobre isso? Não. Como disse anteriormente, estou mais fechada. E achei que os que me iriam realmente compreender (os que la estiveram em cima daquele palco) não precisavam de uma pessoa extra a atirar-lhes mais uns pozinhos de nervosismo e stress para cima. Felizmente, tudo correu bem pelo que me constou e tenho a salientar o orgulho que tenho na minha melhor amiga porque sei que dançou um solo e arrasou o Barreiro inteiro ;) Melhor do que saber que isso aconteceu foi o facto de ouvir a sua voz ao telemovel naquela noite como há muito não ouvia: com um sentimento de alivio e liberdade. Quero acreditar que se libertou finalmemte de todos os fantasmas que com muita força e preserverança carregou ás costas este ano. Agora, a pouco e pouco eles vão embora de mansinho. E ela vai voltar a ser a melhor bailarina deste Mundo (que para mim nunca deixou de ser). Tenho o maior orgulho nela, na maneira como ultrapassou tudo, como nunca deixou de ter um sorriso na cara mesmo depois de ter passado noites em branco ou tardes a chorar no meu ombro.... como nunca desistiu de dançar, como nunca se acobardou e arriscou em todos os campeonatos. Não foi com a segurança que sempre lhe conheci, mas foi.
E eu? Eu limitei-me a ficar ontem em casa, com medo de enfrentar este fantasma pelo simples facto de andar a sentir-me bem como há muito não me sentia e ter medo de voltar a cair no mesmo "buraco" que me prendeu durante tempo suficiente para me torturar a cabeça.
Sinto que fui egoísta. Todo o meu grupo merecia a minha presença (ainda que não fosse indispensável e ainda que ande como que revoltada com o rumo que o grupo tomou este ano), mas havia quatro pessoas em cima daquele palco que mereciam o meu apoio e eu não estive presente fisicamente.
Agora percebo porque dizem que as pessoas do Signo Caranguejo utilizam a sua carapaça quando as magoam e é bastante dificil sairem. Sempre fui a hipersensivel que chora por tudo e por nada a que dramatiza tudo, a que se apega ás pessoas num piscar de olhos, e, apesar de bruta, consegue ser a pessoa mais lamechas deste mundo...e portanto essa carapaça até hoje nao me serviu de muito.
Sinto que isso mudou um pouco nos ultimos tempos... estou mais fria, mais desconfiada, mais "de pé atrás" com tudo e todos, mais amarga, mais fechada, menos apegada. A minha mãe está preocupada, eu estou tranquila. Porque se essas mudanças todas realmente aconteceram e nao sao só uma fase, todas têm fundamento, um motivo...e porque no meio de todos esses adjectivos que agora me caracterizam, há um que faz o resumo de todos eles: Estou mais forte.