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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 21.09.12

Sustos e reviravoltas

Não sei quem é a bruxa que anda por aí a tentar levar tudo o que amo à frente (mas que todo o mal que me roga vá ter com ela a quadriplicar).

Depois de saber que o meu pai estava no Hospital, noticiei aos mais chegados que iria voltar para Potugal. Algo me dizia que não me estavam a contar tudo, eu não estava descansada, precisava de ver pelos meus proprios olhos e sabia que, por mais que nao quisessem dizê-lo, a minha família precisava de mim.
Obviamente que os que realmente se importam comigo tentaram convencer-me do contrário, mas eu não cedi e fui comprar o bilhete só de ida para casa... depois de três dias de angústia a tentar descodificar, pelas palavras dos meus familiares ao telemovel, algo mais do que aquilo que me contavam e a tentar fazê-los compreender o meu regresso, lá consegui ser acalmada e fiz um trato com todos: vinha a casa até iniciar as aulas no Conservatorio e irei a casa todos os meses um fim-de-semana para me certificar que tudo está nos conformes.
Depois de uma noite inteira sozinha dentro de um autocarro que viajou durante dez horas, la cheguei ao meu país e depois de ir buscar o meu irmão à sua nova escola, fui a correr para o Hospital, onde vi a minha mãe com o ar mais exausto de sempre e o meu pai deitado de braço ao peito, cheio de escoriações no peito e na barriga e no entanto com um grande sorriso na cara por me ver. Assim que olhei para o relatório dele, entendi (sim, porque as aulas de Anatomofisiologia e afins de saude na faculdade afinal servem para alguma coisa): o braço direito foi completamente esmagado, tem tres fracturas expostas e um pulso deslocado. Escusado será dizer que armei o escândalo por me terem mentido, mas mais importante que isso era saber como tinha acontecido... Esmagado pelo proprio carro, cujo travão de mão nao funcionou quando saiu la de dentro para ir abrir a porta da garagem.
O meu choque deu-me para chorar, mas depressa me recompus, por ele e por todos, até porque agora não é a vez dos meus dramas tomarem conta da cabeça de alguém.
E cá estou em Portugal desde 4a feira, a adorar matar saudades de casa e das pessoas (que ja eram algumas) mas também com o coração nas mãos por voltar amanhã para a minha nova casa em Espanha e deixar cá a minha família.
 
Enfim... no meio de tudo isto, quero agradecer a todos aqueles que estiveram aqui pra me acalmar à distância e pra me receber por uns dias com um sorriso caloroso em Portugal, mas muito principalmente quem esteve e está cá para dar força, ajudar e animar o meu pai e a minha familia a ultrapassar o pior que, felizmente, já passou.
Domingo de manhã volto para o território vizinho e estou a contar com essas ajudas para me aquecerem o coração enquanto eu nada posso fazer por eles à distância.

Um bem haja a todos «3