Bem que se pode dizer que viajar é como fazer uma tatuagem... depois de começar, não se quer outra coisa.
Não é que eu tenha começado agora... but lets face it, viajar para mim nunca foi algo para se fazer a "atirar de cabeça". E com tanta coisa que ronda a minha todos os dias, é pouco o tempo (e o dinheiro)para pensar nesse tipo de coisas com pormenor, polpa e circunstancia. Tudo isso mudou quando entrei no maravilhoso programa chamado ERASMUS x)
Nao entrei nele com o objectivo da maioria: party all week long. Não os condeno, ha que aproveitar a vida e cada um fá-lo como prefere. Mas para mim aproveitar a vida ja se sabe do que é sinónimo: Dança. E visto que as oportunidades e as condiçoes em Portugal estão nulas, é sempre bom alargar horizontes e explorar oportunidades.
Até aí tudo certo para os meus pais. O problema é que dentro de mim começou a crescer um bichinho ao qual gostamos de chamar de "Trip Monster" :P Traduza-se como "Pessoa com sede excessiva de viajar e conhecer novos lugares" xD
Não viajei tanto quanto isso enquanto pessoa residente em Málaga... fui turista desse mesmo sitio por uns tempos, depois passei por Alicante, Valência e Barcelona. Cada lugar com o seu encanto e com a sua história, e muitos momentos marcados no meu coração :)
Mas eu preciso de MAIS. Sinto que ao viajar concedo a mim mesma oportunidades de uma vida, que colecciono histórias, culturas e experiências na minha personalidade. Relembra-me quão enorme este Mundo é, e que me é permitido descobri-lo. Sinto-me enriquecer por dentro, sinto-me livre no sentido mais correcto da palavra.
Costumam dizer-me que descobrimos muito acerca de nós mesmos quando vivemos longe de tudo aquilo que nos é familiar. Confere. A cada lugar novo por onde passo, sinto que me (re)descubro um pouco mais, e é uma sensação maravilhosa.
Hoje de manhã fui a Coruche buscar a avó do meu namorado para passar o Natal com a familia. Tive muito gosto em ve-la, ja nao a via ha cerca de dois anos. Pensei que ja nao se lembrava de mim, mas assim que cheguei abraçou-me e disse: "Aiiiiii a noiva do meu Beto, a minha netinha! Ja tinha tantas saudades! Como vai a vida lá em Espanha, filha? Os Espanhois sao uns porcos, são eles os mexicanos e os venezuelanos paaa volta mas é pro pé da gente, estás tão magrinha precisas de comer!"
xD
Sempre gostei muito da familia do Beto, é certo. Mas hoje este carinho especial fez-me sentir ainda melhor perto deles. Depois da meia noite vou passar mais um pouco do serão a casa do meu cunhado, fui convidada por ele. Não há-de a senhora avó pensar que já estamos noivos :P
Bem... familia Neves à parte.. Também já tenho os meus avós maternos cá por casa, na cozinha já cheira a aletria e a bolos natalícios, já se ouve o meu avô discutir futebol com o meu pai, a minha mãe a arranjar o cabelo à minha avó e o meu irmão a ver o Disney Channel com musicas natalicias aos altos berros na sala. Depois de se estar tanto tempo longe da família, num país diferente, começamo-nos a aperceber dos pequenos pormenores que nos fazem sentir realmente em casa. Estes que acabei de referir, tão caracteristicos dos meus Natais cá em casa, este ano fazem-me sentir o dobro da felicidade pelo novo significado que lhes dou :')
A Família Duarte deseja a todos um Feliz e Santo Natal :)
Este ano sinto-me bem, sinto-me em paz, sinto-me FELIZ «3 E não há mais nada que possa pedir como prenda.
Uma das principais razões por querer tão desesperadamente voltar rápido para Portugal prendia-se ao facto de querer estar com a minha afilhada e ver como ela estava crescida. Este convite de "apadrinhamento" foi feito sem eu estar de todo à espera e dois dias depois estava de (re)partida para Málaga, sem poder assimilar bem a noticia e gozar um pouco da companhia da minha nova afilhada. Mas agora que voltei, e depois de um dia inteiro a distribuir presentes por todos os familiares da zona sul do Tejo, fiz a minha ultima paragem em casa da minha pequena Rita, que está com quase 3 meses, enorme, gorducha e lindaaaa :') Esteve ao meu colo o tempo todo que estive la em casa, e ai de quem a tirasse de lá, porque berrava sem parar x) Quero acreditar que já estabelecemos laços de madrinha-afilhada, de companheirismo e empatia. Nada me faz mais feliz do que poder pôr em prática todos os exemplos e toda a essencia que a minha madrinha me transmitiu enquanto estava viva. Tive um modelo extraordinário a seguir e isso é algo que não tem preço. Espero a partir de agora poder orgulhá-la não só no que toca à Dança mas também no que toca a seguir a nossa "linha de montagem", construir com a pequena Rita uma relação tão bonita quanto a que tinha com ela.
Claro que não forçarei nada. A Rita saberá fazer as suas escolhas, saberá escolher de quem gosta e quem não lhe agrada. Mas creio que já começámos muito bem, e que como tal seremos tão inseparáveis quanto eu um dia fui da minha Maria de Fátima «3
Descrição da fotografia: "Oh Madrinha, pára de te babar pra cima de mim! Já me estás a chatear"
"O tempo e a vida, com toda a sua grandeza e generosidade, encarregam-se de reorganizar as peças de um complexo puzzle...o mesmo que em tempos nunca teria a força nem a coragem de terminar."
PS: Epa, o fim do Mundo foi tão pacífico que nem dei por ele -.-'