Ter | 23.04.13
Nostalgias

Hoje deu-me para ver fotografias antigas. Não daquelas que estão guardadas em pastas no computador, mas sim daquelas em que agarramos.. aquelas que lhes sentimos o pó, o cheiro dos anos. Vi desde o namoro dos meus pais, ás suas saídas e divertimentos, vi o seu casamento, os seus amigos... vi a gravidez da minha mãe, vi quão pequenina era quando nasci, vi-me a crescer fotografia após fotografia... vi aparecer um irmão, vi como crescemos os dois ainda que em faxas etárias diferentes. Vi as minhas férias, os meus amigos, as minhas festas de aniversário, os espectáculos que fui fazendo.. vi a minha creche, a minha escola primária, o meu segundo ciclo, vi-me a ser finalista... vi pessoas a deixarem de aparecer nas fotografias para aparecerem outras pessoas e vi ainda outras s a sobreviverem à erosão do tempo e a crescerem comigo.
A partir do secundário, tudo está em formato digital (algumas do ciclo já estão também).
Pergunto-me onde andarão algumas fotografias e rezo para não encontrar outras tantas.
Recordar o passado faz bem à alma em determinados aspectos, mas noutros... só faz doer, por mais que tenhamos ultrapassado as situações, os momentos e as pessoas.
Diz-se que se deve viver com um pé no presente e outro a esticar para o futuro. Mas o que é certo é que o passado faz de nós aquilo que somos hoje, são tatuagens invisiveis que temos por todo o corpo, a maioria até na cabeça, na memória e no subconsciente. Hoje reagimos ás coisas de acordo com o que aprendemos com elas tempos antes; no presente damos valor ao que no passado não demos; ainda que sejamos pessoas muito confiantes daquilo que pretendemos alcançar no futuro, nada é certo. Estamos em constante mudança, não há como fugir a isso.
Objectivos são objectivos até que percamos o interesse por eles; promessas são promessas até deixarem de o ser; amigos são amigos até nos magoarem sem retorno; amor é amor até não resistir aos obstáculos; o curso que tiramos hoje, amanhã poderá não ser a nossa profissão; o lugar onde vivemos no futuro poderá já não se chamar "casa"; o que hoje vemos como "eterno", amanhã pode escapar-nos por entre os dedos.
É certo que o importante é andar para a frente. Mas devemos fazê-lo tendo em consideração de onde viémos, quem fomos e no que nos tornámos. Ás vezes faz doer, sim. Mas faz parte.