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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 30.08.13

Confia(ndo)

O tema da "confiança" tem o seu quê de interessante. Ainda que um pouco cliché, é dos mais debatidos da actualidade, se é que não tem sido dos mais debatidos durante toda a evolução da civilização.
O Homem, como Ser sociável e inapto a (sobre)viver sozinho (vá, deixem-se de coisas, sabem bem que assim o é) sente-se mais seguro de si ao sentir que pode confiar nos que o rodeiam. E isso é uma construção que leva o seu tempo e que temos de começar a valorizar mais. Infelizmente, a confiança não se conquista de forma tão linear assim. Cada caso é um caso, e se na maioria dos casos as pessoas aprendem a construir gradualmente a confiança que têm nos outros e nelas próprias, existem ainda casos de pessoas que conseguem confiar cegamente nos outros, e como consequência disso, tornam-se noutro tipo de casos: pessoas que não confiam em ninguém.
Gostaria de chamar-lhes "situações extremas", mas infelizmente vê-se cada vez mais por aí. Nesta selva a que todos chamamos de Planeta Terra, nos tempos que correm há uma necessidade cada vez mais ávida de confiarmos em alguém, de termos um porto seguro onde atracar. O problema é que quanto mais tentamos fazê-lo, menos o conseguimos. Muitas das vezes, a confiança cega começa por ser um acto de entrega extremamente romântico ou uma prova enorme de amizade, mas que termina num grande desgosto do qual é difícil sair. E depois, como é? Geralmente nestes casos não sabemos encontrar um meio termo: ou voltamos a cair no mesmo erro, ou deixamos de confiar de todo. E seja no caso do 8 ou no do 80, na esmagadora maioria das vezes as pessoas deixam de confiar em si próprias, no seu discernimento para apurar quem devem manter nas suas vidas e quem devem deixar ir. Depois quando finalmente tentamos encontrar o equilíbrio, sentimo-nos desequilibrar de vez em quando... e esse involuntário deambular (re)apura-nos o medo de cair e perder o controlo. E recuamos, recuamos, recuamos... até voltarmos à estaca zero.
É neste ponto de situação que nos cabe a nós não tentarmos comparar situações passadas com a situação actual. Como eu disse anteriormente, "cada caso é um caso", e nem todas as pessoas nos vão pisar, trair ou magoar. Quando nos sentimos a confiar em alguém, nem sempre teremos de sair a deitar lágrimas. Secalhar podemos mesmo confiar. Eu sei que custa, mas há que arriscar e deixar-nos ir, gradualmente. Aprender a encontrar o equilíbrio sem os seus pequenos desequilíbrios. Se queremos confiar, então temos de o fazer. Mais tarde ou mais cedo, vamos encontrar uma pessoa digna de nós mesmos, que merece a entrega que sempre quisemos dar mas que outros não valorizaram.

Posto isto, a "major question" que se coloca é a seguinte: podemos realmente confiar nos outros sem antes confiarmos em nós próprios?