Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Dom | 29.12.13

Tipos de pessoas

dois tipos de pessoas sobre as quais tenho de escrever um pouco hoje:
Com um dos tipos posso eu bem. Aquele tipo de pessoas que se dizem nossas amigas, que estão lá para toda a folia, para todas as gargalhadas, todas as festas, para todas as fotos de abraços, boa roupa e largos sorrisos, todos os momentos em que nos sentimos frescos e fofos... mas que no momento em que caímos, em que algo corre mal, em que precisamos de amparo, fogem de nós como o Diabo foge da cruz, e só as voltamos a vislumbrar quando a tempestade passa. Com esse tipo de pessoas, aprendi a lidar muito cedo. E aprendi também a saber identificá-las antes de sequer terem tempo de sair a correr com o seu guarda chuva e a deixarem-me a molhar no meio da rua. Com elas, aprendi a ter o meu próprio guarda chuva, sempre à mão... e a não precisar do delas.
Mas agora, com o passar dos tempos, tenho-me cruzado com um outro tipo de pessoas que ainda não consegui entender assim tão bem. Aquelas nos ajudam a encontrar o caminho quando nos sentimos perdidos, que nos secam as lágrimas, que se esforçam por ver um sorriso.. aquelas que partilham também as suas inseguranças, os seus medos, as suas conquistas, ambições, que nos fazem partilhar momentos com elas, bons e maus, aquelas que nos fazem acreditar que entre nós existe uma bonita amizade a crescer,  aquelas que acreditamos que vale mesmo a pena ter junto de nós, daquelas que nos aquecem e nos mantêm secos na tempestade... mas que por alguma razão, quando a tempestade se vai, quando tudo volta a brilhar para nós, já não nos querem ver sorrir. Já não querem estar lá para nós, porque a vida sorriu-nos mais cedo do que a elas. Já não nos deixam continuar a estar lá para elas, porque a nossa felicidade incomoda, mesmo que o nosso único objectivo esteja em torná-las tão felizes quanto nós, ou pelo menos contribuir para que a sua tempestade passe também.
Esse tipo de pessoas... esse tipo de pessoas eu não entendo. E não sei que tipo de tolerância lhes hei de dar, quando esta situação se arrasta. Serão apenas amigos com más atitudes? Que estão a errar para connosco? Que estão perturbados e precisam de tempo para respirar? Ou serão pessoas que demonstram, desta forma, que não são tão nossos amigos assim? Estarei eu a errar para com eles, mesmo que esteja lá para tudo, como sempre estive, para o bem e para o mal? Será a felicidade um ato de egoísmo da minha parte? 
Esse tipo de pessoas... esse tipo de pessoas eu gostava de não entender nunca, se isso significasse não me cruzar com muitas na minha vida.
Mas dados os últimos tempos, e principalmente as últimas circunstâncias... acho que a minha mãe é que tem razão:
" Oh filha... ainda agora começaram a chegar essas pessoas. De mansinho."
Talvez ela tenha razão. Talvez essas pessoas existam em maior quantidade do que gostaríamos. E talvez venham a tirar a máscara, gradualmente, à medida que a nossa vida vai melhorando naqueles pequenos aspectos que para elas ainda não melhorou. 
Apesar dessa frase da minha mãe me ter desalentado um pouco, ela (que me conhece como ninguém), quis concluir o seu raciocínio com um pouco de optimismo: 
"Mas não faças caso delas. Faz com que elas sejam apenas um lembrete do quão a tua vida te faz feliz e te preenche."
 
De facto, assim será. Até porque existe outro tipo de pessoas importantes de salientar neste texto: aquele tipo de pessoas que já estiveram presentes em várias tempestades e várias bonanças da minha vida. E sempre souberam abrir ou fechar o seu guarda-chuva nas alturas corretas.
Essas pessoas sim... são as minhas. As que importam, as que me merecem. Não são assim tantas quanto isso, mas são as melhores do Mundo. As que contribuem para o fim dos dias cinzentos e gozam comigo todos os dias de Sol. A essas, um Obrigado sincero.
 
Ás restantes, um "Shame on you." E um "shame on me" ainda maior, por deixar que se cheguem perto.