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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 31.01.14

Meu pequeno Monstro

O meu namorado ofereceu-me um telemóvel no Natal. O meu já estava a dar o berro, e ele decidiu mimar-me com um. Acontece que por bruxedo ou azar (nunca desleixo, meus pequenos, nunca desleixo) esse telemóvel novinho em folha começou a demonstrar alguns problemas...até que morreu de vez (tão novo, paz à sua alma). Levámo-lo para troca imediata, mas descobrimos que não poderia ser tão imediata assim: aqueles telemóveis tinham esgotado à velocidade da luz entre o Natal e o Ano Novo. Assim voltei a casa nesse dia, desconsolada, sem telemóvel novo e com a promessa do novo stock estar a chegar AINDA QUE não soubessem uma data específica.

O bom do meu menino, que me enche o cu de mimo, decidiu então fazer-me uma surpresa e ir tentar comprar o telemóvel da gama acima, e branquinho como eu amo. Mas ainda assim, esses estavam esgotados. E portanto, continuei à espera, entregue ao desconsolo (e a um telemóvel de substituição).

Ontem recebi um email a dizer que já existiam telemóveis disponíveis, e portanto, que me podia dirigir à loja. Voei para lá assim que pude, mas ao chegar... apenas haviam enviado um, branquinho (lindo, lindo, claro) MAS... o da gama ainda mais acima. Um com uma qualidade que mete medo. De um tamanho que faz a minha mão tremer de medo ao agarrá-lo por não ser grande o suficiente para o agarrar de uma ponta à outra. Um pequeno monstro que até tenho receio de levar na rua, à mostra de quem o quiser ver (e roubar). Quando apareceram estes "bajolos", jurei a mim mesma nunca ter um. Para já, por causa do preço, e depois porque nunca achei muita graça a telemóveis quase do tamanho do meu tablet, que faziam as pessoas parecerem idiotas com um no ouvido (e na bochecha, e no queixo e alguns até ao pescoço, and so on). Mas calhou-me na rifa, e eu sem pensar muito no assunto, já desesperada por ter um telemóvel MEU de volta à mão,trouxe-o. E assim bancou o meu namorado a diferença de preço, e eu trouxe um bicho tão grande quanto a minha mão.

Quando cheguei a casa, pus-me a olhar para ele, em cima da mesa, imponente, branco, brilhante, enorme. Toquei o seu ecrã a medo, experimentei a internet, mandei um sms a uma das minhas melhores amigas e telefonei à minha mãe, numa de testá-lo; Baixei o Facebook e o Instagram, e publiquei fotos para experimentar a qualidade da câmara, quase tão boa quanto a minha máquinha fotográfica; entreti-me com um jogo, até me viciar, e apercebi-me que tinha memória para mais de 100 jogos e aplicações.

E assim deixei de parecer um veado com medo da aproximação de um humano.

Hoje cá andamos, a habituar-nos um ao outro, ainda que eu secretamente já esteja apaixonada por ele.

Havemos de nos entender fully and completely, meu pequeno monstro, eu prometo!

 

Obrigado meu amor, por fazeres de mim uma mimada insuportável «3

 

PS: E agora arranjar uma capa protectora para isto? (barata, de preferência)

Ter | 28.01.14

Bons bailarinos, maus bailarinos

Se há coisa que me enerva profundamente são bailarinas e coreógrafos arrogantes e de nariz empinado. Uma coisa é ser-se confiante, outra coisa é meter nojo!

Sei que é o que há mais por aí, infelizmente. E que nas artes performativas, principalmente, a competitividade leva-se ao limite, ao ponto de existirem profissionais a lutarem para atingir os seus fins arruinando, com prazer, o trabalho dos outros. Muitas(os) merdosas(os) dessas(es) já me passaram pelas mãos, já foram meus colegas e até meus amigos. 

Mas agora pergunto: PARA QUÊ, SENHORES? Para conseguirem um trabalho a mais, para esfregarem na cara da população o quão são bons, famosos e lindos, a aparecer na televisão e a dançar para pessoas (que se dizem) importantes. Quando se utiliza a expressão "sangue, suor e lágrimas" não é suposto ser o sangue e as lágrimas dos outros, mas sim os nossos respectivos!

A realidade é que, para além da paixão por esta arte, considero-a um mundo de trampa. 

 

Ao falar com a minha mãe sobre um assunto em particular, sobre uma bailarina que nos deixa a ambas pelos cabelos, ela disse-me: Pode ser muito boa no que faz, mas aquela arrogância não a vai levar a lado nenhum. A carreira dela vai acabar em três tempos.

Infelizmente, não é bem assim. Aliás, muito pelo contrário. Os mais arrogantes, os que mais espezinham, os que mais graxa dão (daquela que se topa a milhas) ... são os que melhor vão singrar na Dança. E ainda vão atirar isso à cara dos que não conseguiram. Bem vinda ao mundo da Dança, mãe.

 

Agora, directamente para esses pequenos mete-nojo, há uma coisa que têm de meter na cabeça: os vossos ossos não colaborarão convosco para sempre, a vossa cara não vai ser sempre linda, o vosso corpo nem sempre será todo fit e alongado. Os argumentos para conseguir determinados trabalhos voarão com o vento e com o vosso envelhecimento. E depois? De que vos restará anos e anos a espezinhar os humildes? Esses, por essa altura, terão contabilizado melhor os seus passos, escolhido bem os seus caminhos, ou pelo menos... viverão de consciência mais tranquila.

 

Para mim, um bom bailarino não é aquele que dança maravilhosamente bem, mas que não lhe cabe um feijão frade no cu.

Para mim, um bom bailarino pode nem sequer vencer pelo talento, mas vence pelo esforço. E nunca, mas nunca se esquece de onde veio. Porque mais tarde ou mais cedo, irá lá parar de novo. E precisará daqueles que lá ficaram, a torcer pelo seu sucesso, para os receber.

 

 

Ter | 28.01.14

Nascer-se Joana # part 2

Desde os meus 4 anos de idade que sei o que é uma cadeira de Dentista. E não pelos motivos mais soft, como uma consulta fofinha de higiene oral em que saímos de lá com um diploma de bom comportamento que nos faz encher o nosso pequeno ego. Não, meus pequenos. A Joana sempre levou com os procedimentos mais hardcore. E habituou-se, o corpo e a cabeça, de modo a não "sofrer" muito. Por isso, quando aparece um novo conceito para a lista de más experiências no dentista (ainda por cima com um mito tão assustador) como um dente do siso que não nasceu mas tem de ser retirado à mesma lá de dentro apenas com anestesia local... à Joana foge-se-lhe o tal "hábito". E com ele, foge também toda a sensação de controlo sobre a situação... e vem, sem pedir licença, um ataque de pânico e uma puta mariquice de tamanho industrial.

 

Mas como nada acontece por acaso, e os meus instintos são assim uma cena extraordinária... hoje será um dia a dar assim pró importante, e só o soube ontem à noite. Com o pós-operatório de uma extracção de um dente do siso incluso, o dia de hoje seria impossivel, e eu perderia uma oportunidade que, neste momento, é-me importante possuir. 

 

Nada acontece por acaso ;) And all gets better.

(Well, kind of, porque brevemente lá terei de ir tirar este diabo do corpo/dente do siso de uma vez por todas)

 

PS: Se alguém estiver interessado em partilhar as suas experiências no dentista, especifica ou não especificamente sobre este procedimento ao qual tenho de ser submetida, está à vontadinha. "Mi blog es tu blog". Mas nada de me chamarem maricas, faxavor, que eu não preciso de ouvir aquilo que já sei :P

 

 

 

Seg | 27.01.14

Nascer-se Joana...

 .... é saber apenas um dia antes que vai arrancar o dente do siso que está incluso, é fazer o pai faltar ao trabaho para acompanhar, é ver o procedimento na Internet e ver que mete não só arrancar um simples dente mas também aberturas massivas de gengivas e perfuração do osso, é imaginar a dor, o barulho, o sabor a sangue, os pontos, é entrar em pânico (I mean... histería, mesmo) e não conseguir sair de casa para o fazer, é tremer por todos os lados, chorar por todos os lados, berrar por todos os lados que não consegue passar por aquilo, e ter um pai tremendamente chateado por faltar ao trabalho para nada.

 

Só de pensar que toda esta palhaçada começou com o simples facto de eu ir meter um fucking aparelho...

Mas claro que, se para os comuns mortais é simples e rápido colocá-lo, para a Joana tem de ser moroso e necessitar de procedimentos mais dolorosos e dramáticos primeiro.

Sem dentes do siso arrancados, ninguém me mete o próximo aparelho e continuo com o Dental Expander na boca.

 

Mas agora o que é que me conseguirá empurrar para a cadeira do dentista?

 

 

- A força de vontade de ter os dentes direitos?

- A ameaça de problemas mais graves nos outros dentes?

- Querer tirar o Dental Expander de uma vez por todas? Ou mesmo pensar no balúrdio que ele custou?

- A fúria parental com que neste momento tenho de lidar?

 

Neste momento, nada me cheira a incentivo. 

Ás vezes odeio-me por nem sequer conseguir ter controlo sobre mim mesma. Hei de morrer com uma úlcera nervosa ou algo do género.

 

Isto até podia ser um post a atirar para o engraçado. Mas se lhe captaram esse tipo de essência, esqueçam. Não é. Estou a sentir-me mesmo a pessoa mais estúpida do mundo.

 

 

Dom | 26.01.14

Fora as praxes o caraças!

 

 

Sorry, eu tinha de vir ser mais uma a fazer isto. A publicar memórias de "praxes e praxados", a partilhar momentos inesquecíveis que passei nos últimos 3 anos na Faculdade de Motricidade Humana. Não quero dizer com isto que sou a favor de todas as praxes e que os praxados se aguentem à bronca. Nada disso! Apenas quero reforçar uma ideia que, com a tragédia do Meco, está a perder o controlo: HÁ PRAXES E PRAXES, HÁ FACULDADES E FACULDADES. Sim, se o que aconteceu ao grupo do Meco se revelar fruto de praxes, então é simplesmente r-i-d-i-c-u-l-o. Mas isso deve ser averiguado com a Comissão e Faculdade em questão. Concordo até que se imponham regras e limites para todos os estabelecimentos académicos, para que não voltem a existir situações fora de controlo (ou se existirem, que sejam punidas devidamente), mas isto de pensarem em acabar com as praxes é uma medida que, se for para a frente, nada mais será do que uma decisão tomada de cabeça quente, feita por solidariedade à tragédia que aconteceu. Pura e dura realidade. Entendo a frustração e o sentimento de impotência por parte dos que querem fazer algo para dar um sentido ao que aconteceu no Meco, mas por favor, como já referi, NÃO GENERALIZEM. Eu faço parte da FMH já faz três anos e a primeira coisa que sempre ouvi enquanto verme, caloira ou veterana foi que "as nossas praxes servirão para integrar e não para humilhar". Sou motricitária com todo o orgulho do Mundo, pelo respeito que sempre me foi devido a mim e aos meus colegas, com uma matrícula ou com três. Das praxes guardo boas memórias e muitos risos, e do traçar da capa guardo uma lágrima no canto do olho (e o sabor do vinho quente xD). Sou afilhada e sou madrinha académica, babadíssima. Nunca, em situação alguma me senti humilhada, inferiorizada ou posta em risco. Se há medidas a tomar, pois que as tomem para evitar mais tragédias. Mas por favor, não terminem com a tradição portuguesa que ainda nos faz ter orgulho em entrar para a Faculdade.

 

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