Mr. D(estino)
Hoje, em conversa com o meu namorado, apercebemo-nos que, antes de nos conhecermos, existiram mil momentos e oportunidades em que o poderíamos ter feito:
- a tia dele é casada com o meu tio, portanto, temos primos em comum e a familia Ribeiro e Duarte unida em Viseu. Das vezes que lá fomos, cruzar-nos poderia ter sido mais do que óbvio... mas nunca se deu;
- uma festa de Carnaval à qual eu não pude ir porque tinha treino... mas que ele foi;
- um filme em casa de um conhecido, ao qual não me apeteceu ir... mas onde ele esteve;
- um jantar onde ele e outrosforam ter com a nossa amiga em comum... mas onde eu já não estava;
- um espectáculo de dança da minha faculdade que ele foi ver e onde eu dancei mil vezes à frente dele... mas sem ele saber que eu existia (Esse momento está até filmado e mostra a minha pessoa a dançar em frente a ele, com o dito a olhar na minha direcção);
- a celebração desse espectáculo... à qual ele foi e eu não fui por estar cansada.
Tantas as vezes que não nos cruzámos por circunstâncias tão banais quanto as que referi. E sabe Deus quantas foram as vezes que nos cruzámos sem ligar à existência um do outro, como aquela vez que também já referi, do meu espectáculo.
No entanto, chegou um momento da minha vida em que ali estava o João, do lado de lá do vidro do carro do Ivo, a acenar-me e a dizer aos amigos que tinha de me conhecer, no matter what.
A vida é engraçada, e ao mesmo tempo assustadora. Não conseguimos mesmo saber o que nos reserva e quem nos está reservado. Há momentos em que desejamos sabê-lo, mais do que nunca. Sentimo-nos cansados, estagnados e até mesmo perdidos, e portanto queremos obter a derradeira resposta: "Valerá a pena?".
Meus queridos, depois de algum tempo aos tropeções com o coração, no momento em que aquele que se diz hoje meu namorado me acenou e me mostrou pela primeira vez o seu sorriso, eu consegui obter a derradeira resposta: "Sim, vale a pena." Vale a pena perdermo-nos, achar que nos encontrámos e descobrir que errámos de novo a rota, vale a pena sentirmo-nos estagnados e cansados... mais tarde ou mais cedo, o mundo volta mesmo a girar para nós.
Muitas vezes, sentimos que há coisas ás quais não estamos destinados. Umas vezes estamos certos, outras vezes não. Eu acredito piamente que temos de nos mexer, se queremos que a vida ande para a frente e na direcção que aspiramos. Temos de lutar e fazer escolhas. Mas com a minha história e do João, deixei de conseguir acreditar que "o destino, somos nós que o fazemos." Creio que o fazemos, mas apenas com uma ingénua contribuição. Nós não conseguimos fazê-lo na sua totalidade. Não, o destino é um sacana gozão. O destino testa-nos. O destino trama-nos, goza-nos, ensina-nos. E por fim, o destino prova-nos que leva sempre a melhor. Leva-nos sempre a chegar onde é suposto chegarmos, utilizando de forma muito subtil as nossas escolhas, como se se tratassem apenas de "mais uma pitada de sal".
Eu "fugi" ao João durante anos, mesmo sem saber. Mas no momento certo, o destino lá o trouxe. Primeiro fez-me vergar a mola, deixou-me verter umas lágrimas e passar por uns quantos maus bocados. Mas no fim, fez-me também perceber que é quando nos sentimos mais perdidos que devemos aumentar a fé. Pensem nesses momentos de estagnação como um estado de "stand by". O destino é como o Pai Natal, tem de chegar a todos. E ás vezes, estamos apenas na sua lista de espera, e cabe-nos a nós viver cada dia com optimismo na alma e continuar a lutar, até que chegue o dia de o Mr. D nos trocar as voltas todas e colocar-nos de novo no trilho.
Nada acontece por acaso, e eu cá tenho de continuar a acreditar nisso. Desta vez o coração não sofre de amor, mas sofre de frustração e preocupação com o futuro, a nível profissional. Desta vez (e outra vez) o meu coração está em sintonia com o de mais mil (portugueses, principalmente). E por isso, o meu coração tem de aguentar e esperar, quietinho, na sala de espera. Esperem todos comigo, e juntos vamos fazendo a festa.
(Destino, despacha-te... and be kind, please)