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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 07.02.14

"Vida loca "

Já saiu o horário do meu último semestre na FMH. Podiam ter sido mais fofinhos e pensar "vá, eles são finalistas, vamos lá amansar-lhes aqui a cena pra saírem desta faculdade fresquinhos, fresquinhos". Mas acho que o pensamento passou mais por: "ai vão-se embora? Atrevem-se a deixar a melhor faculdade do Mundo? Ai conseguiram chegar até finalistas? Ai querem ser bailarocas profissionais? Então bora lá ver de que fibra são feitos!"

 

Trabalhar e terminar um curso ao mesmo tempo é, de facto, a maratona.

O que me vale a mim é que trabalho na área. E portanto nunca perco o foco (ou quase nunca).

 

Segunda feira, lets finish this! (pra eu começar o próximo curso, qual acto suicida)

 

 

PS: Já não há dente do siso, mas há toda uma cara inchada. Socorro!

Qua | 05.02.14

I'm alive (for now)

E pronto, menos um dente. Faltam mais três (sejamos positivos, o quarto não existe). Os meus nervos.. ai gente, os nervos deram cabo de mim, de tal maneira que ainda me doi os braços, as costas e as pernas, com tanta tensão acumulada. 

Já faz umas horas que o tirei. Começou por três anestesias que me custaram mais do que o restante processo. Agulhas enormes, que senti entrarem-me bem no fundo da alma e que me fizeram trepar a cadeira. Felizmente, potentes de tal maneira que passado um minuto não sentia a cara, inclusive o nariz e o olho esquerdo.

O processo foi rápido, ainda que para mim tenha parecido uma eternidade. E só demorou mais porque, como disse a dentista, "tinha este dente quase na testa". Muito para cima, bem junto a todo um maxilar. Arrepiei-me toda quando ela teve de me andar a partir osso aos bocadinhos para tirar o filhadamãe que estava lá escondido lá para o meio, mas não senti nada a não ser a pressão que ela exercía para o retirar.

A partir daí foi um instante. Quando me colocou os pontos, eu já só queria sair dali, mas ela não me deixou. Não sei se tinha a cara assim tão pálida quanto isso, mas o que é certo é que me enfiaram logo gelo na bochecha e mandaram-me ficar encostada mas sem fechar os olhos. Como referi, já só queria sair dali, e portanto mesmo que estivesse a morrer, foi em segundos que me enfiei na rua.

Passei a primeira meia hora agoniada, sem falar. Depois, la comecei a comunicar mais ou menos. Assim que o efeito da anestesia começou a passar, enfiei logo a droga mais potente que já podiam ter inventado como analgésico. Comi um gelado, ainda que sem conseguir abrir a boca mais do que uns milímetros, e até ver, custa-me engolir, custa-me falar, custa-me sorrir, mas não sinto dores nos dentes. Apenas me sinto como se tivesse levado um murro bem assente no focinho (bem vistas as coisas, o dente também tinha saído bem assim, doía o mesmo e saía mais barato).

Se continuar assim, é chato... mas ao mesmo tempo uma recuperação santa, segundo consta de todas as pessoas que passaram por isto e me detalharam a sua experiência. Infelizmente, acho que amanhã devo andar a trepar paredes. Mas não vamos agoirar.

 

 

Ter | 04.02.14

Ready to die?

Gente fofinha (e menos fofinha), é amanhã... amanhã lá se vai o dente do siso incluso (a mulher bem que me queria marcar para retirar dois de uma vez, mas eu mandei-a à fava). Hoje o dia esteve tão tenebroso quanto os meus pensamentos. Estou a tentar manter o controlo. Não over-react, para não fazer a triste figura da última vez. O pensamento deixou de ser "não quero ir" para "só quero despachar isto". Quero sair dali, lamuriar-me um bocadinho no colo da mãe, ir comer um gelado (que é a única parte fofinha nas recomendações dos dentistas), empaturrar-me de analgésicos ainda antes do efeito da anestesia passar, ir dar as minhas aulas (sou poderosa, hein?) e ir ter com o namorado, para tentar suavizar a pior parte ( as dores, o mau humor, a noite que ficará certamente por dormir).

Se não conseguir comer por uns dias, melhor... uma 'soa tá gorda e a precisar de abater.

 

 

Obrigado por todo o apoio que tenho recebido por pessoas com experiências destas (principalmente à minha assistente dentária preferida ;)), que têm tentado incansavelmente descansar-me em relação à cirurgia em si e tentado preparar-me para o pós-operatório que, supostamente, é duro mas não de nos dar vontade de atirar da ponte 25 de Abril.

 

Mas meus amores... por via das dúvidas, e na eventualidade de eu não dar notícias até ao dia seguinte, já sabem. Caí da cadeira (do dentista), que nem o Salazar e a sua morte kármica, e o meu testamento será publicado aqui por outrém da minha total confiança!!!

 

Atentamente,

a Mariquinhas de merda -.-'

Ter | 04.02.14

Miniaturas apaixonadas

Ontem fui ter com a minha mãe ao Jardim de Infância, onde assisti a uma total cena de novela entre três pirralhitos de 4 e 5 anos.

Ponto de situação: a Matilde namora com o Afonso. Estão sentados em mesas diferentes, a lanchar. A Lara está sentada numa terceira mesa, mas levanta-se para ir buscar algo à mochila. Quando passa pelo Afonso, dá-lhe um beijinho na bochecha e continua o seu trajecto, a sorrir. O Afonso fica de consciência pesada e vai à mesa da namorada Matilde contar-lhe o sucedido. A Matilde fica calada e o Afonso volta à sua mesa, mais leve por ter desabafado. A Lara volta a passar, já com o que queria da mochila. Passa pela Matilde. Esta agarra-lhe pelos colarinhos e diz: Não voltas a dar beijinhos no MEU NAMORADO? OUVISTEEEES?

A Lara vai-se sentar, com medo. O Afonso encolhe-se. Eu rio-me, e a Matilde ri-se comigo, com ar de "missão cumprida".

 

A relembrar: miúdos de 4 e 5 anos.

O amor cega qualquer um, em qualquer idade. Right? ;)

 

 

Seg | 03.02.14

"A rapariga que roubava livros"

Ante-ontem, depois de um dia de estudo intensivo, o namorado desafiou-me a irmos ao cinema, à sessao da meia noite. O filme eleito foi "A rapariga que roubava livros", que me intrigou por se passar durante a 2a Guerra Mundial e ter como tema central uma menina e o seu gosto insáciavel pela leitura (algo que também a mim me atinge).

E sobre o filme só tenho a dizer: dos mais tocantes e envolventes que vi até hoje. Genial, todo o enredo, todo o ambiente de guerra paralelo à vida quotidiana da pequena vila alemã, todo o elenco, todo o guião...

A narrativa é feita, do principio ao fim, pela Morte, e retrata a vida de uma menina que, em sua tenra idade e em tempos de conflito, é deixada numa familia adoptiva após a morte do seu irmão mais novo e da fuga da sua mãe, comunista.

Esta menina tem um gosto muito grande pelos livros, mas... não sabe ler nem escrever. E será em tempos áusteros de guerra que o seu pai adoptivo a ensinará a fazê-lo. Pouco depois, já devidamente instruída, o seugosto pela literatura aumenta, mas é impossível de alimentar depois da ordem de Hitler para queimar todos os livros (supostamente existentes). Ao mesmo tempo que isto acontece, um judeu escondido na cave da sua casa ensina-a o poder e a beleza da escrita criativa. Contra tudo e todos, a sua avidez por conhecimento vai dando os passos que pode, ainda que na presenca de muita violência, austeridade, medo e perdas. 

A partir daqui, nada conto. Vejam, a sério. É um filme daqueles que dá vontade de ver again and again, mas que não temos coragem de o fazer para não nos voltar a partir o coração em pedaços, que nem bomba londrina em território alemão.

 

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