Just dance and nothing else
Este ano tive o prazer de fazer parte de uma Companhia amadora de dança contemporânea denominada "Companhia de Dança Estrofe em Sonetos" (coreografada pela maravilhosa Ana Filipa Tibúrcio), inserida na "Escola de Ballet os Franceses". A razão principal que me levou a aceitar o "desafio" foi porque, depois de alguns trabalhos em televisão e de quatro anos de faculdade, precisava de me encontrar a mim mesma na dança (contemporânea), sem as enormes pressões que geralmente nos assombram nesta área. Quando aceitei, estava a chegar a um ponto de ebulição. Um ponto que me fazia ter dificuldade em distinguir a dança como paixão ou "triste sina". Estava a começar a sentir que "dançava porque me safava", e que não tinha tempo para descobrir o meu "eu" na minha própria arte, devido ao frenesim que me assolava.
Ao trabalhar como professora toda a semana, nada me deu mais gozo do que chegar ao final dos meus Sábados e passar a aluna. Acho que, seja qual o tipo de professor que exista, é necessário estarmos em constante aprendizagem e "aquisição de vocabulário" O cansaço era uma constante, admito. Era o último momento da minha semana, antes de entrar na folga. Mas nunca me senti tentada a desistir, até porque o ambiente entre coreógrafa e bailarinas foi quase sempre mais de amigas. A cumplicidade é gigante ali, e a Ana é uma profissional extraordinária que acabou não só por me inspirar como coreógrafa, mas também como professora. E posso mesmo dizer que ganhei uma colega-amiga. As minhas restantes colegas também foram espetaculares por me receberem tão bem. Talvez possam ter pensado "mas o que é que esta monga, ainda por cima mais velha, vem para aqui fazer?". Mas se o fizeram, não demonstraram uma única vez e em nenhum momento me senti excluída.
Agradeço a todas elas por este ano. Precisava disto (delas, de certa forma). Respirar a dança noutros ares. Senti-la de outra forma, abrir-me a novos horizontes e perspetivas. Para o ano não sei como será, uma vez que será o início de um novo ciclo para mim... mais trabalhoso, mais doloroso, mais esgotante (novidades lá mais adiante). E por isso não sei que tempo me irá sobrar, mas garanto que farei os possíveis para existir o suficiente para continuar a fazer parte da pequena grande família que é aquela escola.
No fim-de-semana passado tivémos o espetáculo de final de ano, intitulado de "Isana e Fundadores", onde fizémos homenagem a uma artista plástica da nossa localidade. Adorei poder fazer parte daquele momento que se repetiu em dois dias, com "casa cheia" e palco repleto de gente com talento. Deixo-vos algumas fotografias, da autoria da maravilhosa Patrícia Leal.