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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 12.02.16

Lugares que se tornam nossos

 

 

Há lugares que, tal como algumas pessoas, deixam marcas em nós. Marcas de água, que mal se vêem, mas que o coração sente e a nossa alma transporta. Há lugares que nos transformam, que fazem de nós outras pessoas. Que nos obrigam (ainda que involuntariamente) a interiorizar hábitos, características, pensamentos. DSC_0817.JPG

Há lugares que não são nossos, mas se tornam parte de nós. Que nos fazem rir nos seus dias de Sol à beira mar, que nos fazem chorar quando a saudade dos que estão longe aperta, que nos abrem o apetite quando entramos na melhor pastelaria, que nos educam quando entramos no estabelecimento de ensino que nos providencia... há lugares que nos aumentam a fé, tal é a grandeza (exterior e interior) das suas igrejas e catedrais, que nos ensinam o seu idioma, que abraçam os nossos costumes mas também nos fazem interiorizar os seus, que nos apresentam as suas pessoas... há lugares que, por vezes, queremos deixar o mais cedo possível ( não é fácil quando estamos longe dos que amamos), mas que quando deixamos, temos pena de ir embora.DSC_0831.JPG

Há lugares que são como os melhores amigos... lugares que têm o melhor abraço, dado pela sua suave brisa nas nossas horas de aperto; lugares que nos dizem as verdades (mesmo que doam), quando a trovoada é tão alta que nos faz doer os ouvidos; lugares que nos ajudam nas lutas diárias e nos permitem mover as pedras que encontramos soltas no seu caminho de calçada. Lugares que, dentro de nós, acabam por ter vida própria. E que assistem ao cair das nossas lágrimas, às nossas maiores gargalhadas, aos momentos em que nos perdemos nas suas ruas sem fim... lugares que nos ficam a ver apenas da janela, quando estamos tão cansados que não saímos para os ver, lugares que nos fazem sentir (e nós sentimos muitas coisas, todos os dias). Lugares que ouvem o "Amo-te" ao telefone, porque o vento lhes conta, que sentem o nosso coração bater mais rápido, porque o seu pulsar se sente no seu chão, como placas tectónicas a quererem dançar. 

12661914_10153466188551985_2938856454304282440_n.jHá lugares que nos veem chegar e partir. Lugares onde prometemos voltar... e cumprimos.

Málaga, foi um prazer rever-te. Mudaste algumas das tuas feições, mas estás na mesma. Voltei para agradecer-te o quanto me transformaste. Em ti, foram muitas as vezes que me senti sem rumo, mas depressa me encontrei. Foi um prazer "perder-me" pelas tuas ruas de novo, e no entanto sentir-me sempre no sítio certo.

Alguém que aí revi nestes dias (por mero e belo acaso do destino) disse-me: "Estas con cara de una verdadera malagueña" (Estás com cara de uma verdadeira malaguenha).

Apesar de não saber ao certo que cara é essa, confirmo: "Soy malagueña de alma y corazõn".

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