Oh tempo... não sei se quero que fiques ou que vás
O Tempo está chateado comigo, e com razão. Cá para os meus botões (e para ele) tenho sussurrado baixinho dois pedidos contraditórios. O primeiro é: “por favor, passa depressa”. Estou ansiosa por pôr em palco o espetáculo “Aladino de outras histórias”, mostrar outro grande projeto em que coloquei toda a alma e coração, e fazer os meus póneis brilharem, e respirar de alívio por ter terminado, descansar um pouco deste stress constante.
Por outro lado, peço ao Tempo: “fica quieto… deixa-te estar." Agora que estamos quase lá, parece que está a passar a correr. "Querido Tempo, deixa-me desfrutar um pouco mais desta azáfama dos ensaios, deste nervoso miudinho, desta sensação de união entre esta enorme família de dança, deixa-me vê-los crescer mais um bocadinho, mas devagar, devagarinho…”
Afinal, em que é que ficamos? – pergunta-me (possivelmente) o Tempo.
Não sei… não sei de todo. Acho que isto é o mais próximo que sei de ser "mãe"(mesmo daqueles que não são meus). Querer vê-los voar, mas querer ao mesmo tempo mantê-los no ninho.
Dizem-me “Deixa lá, para o ano há mais.” Como assim? Não, não há mais. O que houve o ano passado no espetáculo da "Cinderela" não há mais. O que haverá com o "Aladino" também não haverá mais. São fases da vida deles (e da minha) diferentes. São sentimentos diferentes, ainda que semelhantes. São de orgulho, de coração cheio, de alma que não cabe no corpo, mas são diferentes e não voltam mais.
Resta-me aproveitar. O tempo passa, e tem de passar. Cada minuto conta, é efémero.
Para o ano há… outra fase. Outras danças. Outras amizades. Outras paixões. Outros alunos (até os mesmos serão outros, porque vão crescer).
Estou a panicar, não estou? Desculpem qualquer coisinha. Vou só ali arranjar um rímel à prova de água para o dia 30 de Junho e já volto.