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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sex | 02.06.17

Caro Universo...

... Escrevo-te porque escrever é a única forma de manter a minha cabeça "sã", neste momento. Escrevo-te porque é a forma mais suave que arranjo neste momento de te expressar a minha raiva profunda. Ou era isso ou era correr km's sem fim, noite dentro; ou partir tudo o que fosse possivel partir (e tudo o que não fosse também) e que aparecesse à minha frente.

Mas continuo a preferir escrever, para não me magoar a mim (fisicamente) e não magoar os outros.

Apesar do stress, tudo estava a correr lindamente. E chegou finalmente o mês que eu tanto ansiava,o mês em que se dá o culminar de tudo: o mês em que termino o segundo ano de faculdade e me torno oficialmente finalista da segunda licenciatura, o mês em que o espetáculo para o qual trabalhei (trabalhámos) durante mais de 6 meses vai para o ar, o mês em que o meu irmão termina a sua jornada pelo 3º ciclo, o mês em que vou experimentar os primeiros vestidos de noiva (e se Deus quiser, os últimos)... Diz-me, PORQUÊ fazer-me entrar em Junho com o coração tão despedaçado como está? Porquê fazer da minha Tambor, companheira de todas as horas nos últimos sete anos, uma coelha moribunda? Porquê agora, quando ainda estou a fazer o luto da gata pela qual tanto lutei nos últimos meses depois de ter sido descoberta no caixote do lixo?

Porquê dar-me a certeza que, ainda nos teus primeiros dias, não terei uma mas sim duas maravilhosas patudas (as MINHAs maravilhosas patudas) mortas? Porquê as duas de seguida, como se a dor de perder uma não bastasse? E porquê no mês que é o culminar de tudo? É alguma piada de mau gosto? Alguma mensagem do género "Espera lá que isto está tudo a correr muito bem, bora lá trazer um bocadinho de drama à vida desta gaja, que não vê as suas próprias lágrimas há demasiado tempo."

Um dia talvez me possas explicar porquê. Até lá, não tenho tempo para te perdoar ou para tentar compreender. Nem quero. Obrigadinho por nada. Ou por tudo (traduza-se por toda a dor possível de sentir, a mistura da dor da perda repentina e da perda lenta e dolorosa). És um querido, Universo.

Quando o meu coração (o que resta dele) estiver em condições, voltarei a este blog.