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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Dom | 05.11.17

Os dias em que nos sentimos pequenos (e aqui, os metros pouco importam) - PALAVRAS DANÇADAS #6

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Há dias em que acordamos e se faz um clique feio e asqueroso na nossa cabeça. Damos por nós a tentar perceber qual o exato momento em que esse clique se dá. Será assim que adormecemos? A meio das nossas horas de sono? Imediatamente quando acordamos? Qual será o instante exato em que a nossa cabeça é formatada para pensar: “Hoje vais sentir-te uma bosta”?

Continuo sem uma conclusão, mas acontece. E acontece de tal modo que sentimos que seríamos pessoas mais produtivas se ficássemos em casa sem incomodar os outros. Sendo pouco-ou-nada produtivos e deixando simplesmente a nossa existência sobreviver mais umas horas. Sentimos que a diferença entre esmifrarmo-nos dia após dia para sermos a nossa melhor versão (pessoal e profissional) ou ficarmos à espera que as coisas caiam do céu dá no mesmo… em nada. Há dias assim. Mas cabe-nos a nós definir até onde isso nos irá afetar.

Primeiro teremos que aceitar que estes dias continuarão a suceder. E que são apenas dias (ok, às vezes são semanas) mas que, mais tarde ou mais cedo, virá aquele momento de retorno à produtividade e à alma que colocamos no que fazemos... e que aí, o “jogo vira” sem sequer nos darmos conta.

Depois, temos de ter a noção de que o “jogo” nem sempre irá virar para o lado que gostaríamos. Ou que não virará de repente os seus 180 graus (quando a dedicação é muita, era o que gostaríamos, certo? Raramente acontece) e que temos de aprender as estratégias para tirar proveito desse novo lado que se torna o nosso. Ah, sim... e ter paciência. Muita paciência. E fé. 

Quando passamos por esses dias maus dá vontade de tudo menos daquilo que deveríamos fazer… agradecer. Agradecer nunca nos passa pela cabeça nesses momentos, certo? Eu sei. Apetece-nos é dizer asneirão-que-ferve, auto mutilar-nos com palavras feias e bater na almofada (ou em alguém… eu sei). Mas temos de fazer um esforço para nos lembrarmos do que vai bem na nossa vida… e acreditem, há sempre algo que vai bem se soubermos olhar com olhos de ver e escutar com ouvidos de gente. É o que vai bem que nos irá dar forças para lidarmos com o que (achamos que) vai mal... É o que nos vai trazer alento para continuar e o que aliviará o nosso coração inquieto, desiludido ou desmotivado.

Nem sempre seremos produtivos. Nem sempre a nossa dedicação corresponderá aos frutos que queremos colher. E nem sempre seremos a nossa melhor versão. Mas todas as nossas versões, as boas e as más, são efetivamente isso... nossas. E temos de tirar partido delas, transformando-as em ferramentas e forças. No matter what.

 

Palavra de Bailarina by Joana Duarte