Algures em 2011 escrevi isto... longe de imaginar o que aconteceria!
Lembro-me que em 2011, num momento de conversa com uma pessoa que, neste momento, já não faz parte da minha vida, escrevi isto que vos deixarei ler a seguir. Escrevi aquilo que é como que uma lista dos meus desejos e sonhos. Lembro-me de partilhar este texto com essa pessoa e dizer-lhe que queria deixar tudo registado e reler, ao acaso, anos depois, para ver o que mudava ou o que tinha conseguido concretizar.
Apesar de ter sido escrido com o coração, nunca mais me lembrei disto. E esta semana, ao remexer no meu disco externo, encontrei-o: "O que verdadeiramente quero". O título soou-me estranhamente familiar. Com muita curiosidade, abri. E nem queria acreditar...
Escrevi um texto em 2012 que viria a retratar metade da minha realidade em 2017. E sinto-me tão, mas tão grata por isto. A Joana com 19/20 anos escrevia aquelas palavras vendo sonhos inatingíveis, com tantos obstáculos que se ria dela mesma. A Joana de 25 vê a sua realidade à frente dos olhos. Escusado será dizer que chorei. De gratidão, em particular.
Há cinco anos era uma Joana diferente. Profundamente diferente. Acho que as pessoas que me conhecem desde antes dessa altura podem comprová-lo. Mas podem também comprovar que os valores, os princípios, os sonhos, os objetivos... a ESSÊNCIA continua aqui.
Neste contexto, aproveito para referir que a experiência de hoje, no programa "Agora Nós" da RTP1, estaria longe de fazer parte deste meu "texto profético" (e juro, por tudo o que me é mais sagrado, que foi mesmo escrito há anos atrás). Apenas porque estaria longe de imaginar os alunos maravilhosos que teria ao meu lado e o quanto a minha mensagem, através de livros MEUS poderiam chegar a tanta gente.
Obrigado Universo <3
Aqui está ele:
"O que verdadeiramente quero"
"Quero ter permanentemente aquela sensação de que ainda não aprendi o suficiente. Quero ter a segurança de um trabalho como professora, mas também a adrenalina daqueles trabalhos pontuais para anúncios ou espectáculos. Quero ganhar o respeito daqueles que eu mais respeito também, e quero poder ser comparada aos maiores. Quero ser versátil; não quero ter um rótulo de “bailarina do estilo x” na testa, mas quero principalmente dar tudo de mim no Hip Hop e no Contemporâneo. Quero coreografar e fazer o público chorar, sorrir e identificar-se com as minhas criações, quero ser diferente e quero que deixem de ver uma “menina” que diz “faça favor” a quem quiser passar à frente na fila para verem uma “menina mulher” que luta com unhas e dentes por aquilo que ambiciona e não se deixa pisar. Quero ser constantemente inspirada, mas também quero inspirar. Quero suar e demonstrar aos outros que suor é sinal de trabalho, e que apesar de por vezes não ser recompensado, nos deixa a consciência tranquila e o orgulho intacto. Quero fazer compreender a beleza de umas sapatilhas sujas e rotas, e de um pé em carne viva e sem a unha do dedo mindinho. Quero viajar e assimilar culturas na minha forma de dançar e na minha personalidade. Quero tirar fotografias em frente ao Big Ben, à Torre Eifell e ao Coliseu de Roma a fazer um Arabesque ou um Grand Jetes. Quero crescer e casar, mostrar que o Amor e a Paixão pela dança são compatíveis com uma vida familiar e que o meu espírito de dedicação dá para ambas as partes; quero trabalhar que nem louca um dia inteiro e chegar a casa ao final do dia e perguntar ao melhor Homem do Mundo como correu o seu dia, ouvir as suas histórias e interessar-me pelo seu trabalho; quero que se sinta realizado e satisfeito com a mulher que demonstrarei ser todos os dias, merecedora do seu sorriso. Quero ter filhos, e poder mostrar-lhes que com dedicação e alguns sacrifícios, os sonhos concretizam-se; quero fazer deles pessoas fortes e optimistas e ao mesmo tempo meigas e humildes, e quero vê-los tornarem-se em pessoas bem melhores do que eu alguma vez fui. Quero formar uma Companhia de Dança que consiga fundir os mais variados estilos que existem, passando a mensagem de que a Dança é uma só Força e não uma força dividida em vários vectores, e pelo meio fundar uma Academia em meu nome, onde todos se possam deslocar e aprender um pouco mais. Quero trabalhar com pessoas com doenças físicas e mentais e quebrar as barreiras da felicidade através do Movimento Expressivo, e quero que essa tal academia tenha espaço para essas pessoas também, porque os tutus ficam bonitos em corpos estupidamente perfeitos, mas eu cá prefiro um sorriso genuíno de quem está a calçar umas sapatilhas pela primeira vez. Quero gritar e stressar com aqueles que um dia trabalharão comigo num projecto gerido em prol das artes do espectáculo sabendo que no fim sabem que me adoram mesmo com mau feitio e quero ter alunos de todas as idades que me façam sentir aquele tipo de Amor e Orgulho que só se conhece quando se vive. Quero escrever, e escrever sobre dança, quero fazer críticas de espetáculos e criar histórias com e para leitores ávidos. Quero conseguir concretizar metade do que aqui listei! Mas quero acima de tudo que a Dança me continue a fazer feliz e a fazer sonhar, todos os dias da minha vida."