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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Sab | 24.02.18

Elevados às alturas (versão dele) - Palavras Dançadas #9

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"Elevados às alturas" - VERSÃO DELE

Estou perante a máquina dos doces da Área Comum e tentar escolher a próxima porcaria a arruinar-me a dieta, quando te vejo chegar. E chegas como sempre, naquela arte de estar desgrenhada e impecável ao mesmo tempo… linda por sinal.

Por quem quer que passes, diriges um Olá e um sorriso, e eu fico a ansiar para que chegue a minha vez. A vez do meu Olá e a vez do meu sorriso… mas a eles, juntam-se um pequeno ataque cardíaco quando passas a mão pelo meu ombro e me perguntas se estou bem. Estupidez, é certo… é um ato perfeitamente comum quando chegamos perto de um amigo… colega. Amigo-colega. Amigo-colega-teu estagiário.

Tiro os meus M&M’s e sinto-me feliz por saber que poderei “afogar-me” em doces enquanto me lembro do facto de seres minha superior e de eu ser um parvo com uma paixoneta e admiração profunda por quem me tem ajudado a evoluir. És areia de mais para a minha camioneta. Nem sequer sou Homem suficiente para a mulher que me esqueço que és quando nos rimos horas sem fim nos jantares tardios consequentes de trabalho por acabar… ou quando te oiço desabafar sobre as inseguranças que te atormentam, enquanto como pizza e tu uma salada. Como é que podes achar que precisas de fazer dieta?

Olho para a tua secretária e vejo-te sentar, sorridente. Adoras mesmo o que fazes. E toda essa adoração despertou paixão em mim... Por este trabalho e, apercebo-me agora, por ti também.

Não te sei dizer quando começou esta confusão de sentidos e sentimentos. Nestes dois anos que por nós passaram, descobri que gosto mesmo desta profissão porque vim parar ao melhor estágio que podia ter e conhecer as melhores pessoas que podia ter conhecido. Não são só colegas, são uma enorme família, e tu és quem a gere da maneira mais exigente e doce ao mesmo tempo. Talvez tenha sido por nunca ter conhecido ninguém assim, tão o 8 e o 80 e tão oposta de si mesma, que quando dei por mim, eras mais do que uma parte do meu dia de trabalho. E isso seria uma boa notícia se não fôssemos como o Sol e o Mar: tu lá em cima e eu cá em baixo.

Quem é que eu quero enganar? Eu sou só “isto”… e tu, és “isso tudo”. Sou quem olhas com carinho e muita cumplicidade, mas sou também aquele para o qual não olharás de outra forma, do alto da tua genialidade que eu não consigo acompanhar.

Podia jurar que, por momentos, segurei a tua mão e tu deixaste …que te olhei nos olhos e me vi refletido em ti com a mesma intensidade com que te vejo… podia jurar que senti o teu coração a bater mais depressa.;

Mantenho-me ao sabor da corrente, com vontade de te dar a conhecer as minhas tempestades mas com discernimento suficiente para não o fazer. Porque és parte dessa tempestade. És até quem mais as provoca sem saber, e não quero que te culpabilizes nunca pelos meus devaneios.

Já fico feliz por te ter na minha vida. Ter-te, repito, como amiga-colega, e ver-te chegar desgrenhada e impecável ao mesmo tempo, todos os dias. A fazer-te rir como uma miúda, a acompanhar-te neste trabalho que tão bem executas, e a ser quem te ouve quando te lembras das tuas inseguranças. Estarei sempre aqui a ser exatamente isto, a ser exatamente aquilo que queres que eu seja.

Porque se quisesses que eu fosse mais… dizias-me, certo?