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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Qui | 26.03.20

Islândia - a viagem que vão querer fazer depois de tudo isto passar

Sei que talvez achem inapropriado numa altura destas, começar este meu "regresso" com um post de viagens. Mas para mim, acho que é exatamente o oposto. Quero contribuir, quando puder, para sairmos deste "Corona mode" em que nos encontramos já forçosamente.

E quero fazê-lo começando por vos dar umas dicas simples sobre a Islândia, que visitei no mês de setembro passado. Foram apontadas por mim ainda lá, sentada no bar do meu hotel com um café à frente (informação para os amantes da escrita como eu, que sabem o quão bem isso sabe).

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Atenção! São dicas de quem esteve lá uma semana, no mês de Setembro, e ficou sempre a pernoitar em Reykjavik. Há quem alugue um carro e vá andando por aí, a Islândia tem imenso para ver, é um facto. Mas para quem queria explorar e ao mesmo tempo, poder "descansar", optámos por investir nos autocarros de excursões e ficar com as malas sossegadas no mesmo sítio. 

Portanto já sabem, este é o tipo de viagem à Islândia sobre a qual podemos falar:

1. Ir no mês de Setembro

Nós sabemos que ir à Islândia nos meses de Inverno tem uma magia sem igual, pela quantidade de neve/gelo e paisagens brancas que parecem saídas de postais. MAS também sabemos que a quantidade de horas com sol é muito reduzida, muitas estradas são cortadas por más condições atmosféricas e que é um risco gigante gastar tanto dinheiro numa primeira viagem para este destino e não vermos quase nada. Setembro é o mês onde ainda apanhamos condições climatéricas mais favoráveis (11 graus de média no ano em que fomos), os preços começam a baixar porque a estação alta está a chegar ao fim e a quantidade de turistas diminui, comparando com os meses de Julho e Agosto. Foram estes os motivos que nos levaram a escolher este mês para a viagem, e apesar do clima ser SEMPRE inconstante (vão a contar com isso), o "inconstante" não é tão desagradável como na época baixa.

2. Essenciais de roupa na Islândia em Setembro

Para esta altura do ano é bom irmos a contar com um pouco de tudo. Ora está a chover e um frio de rachar, ora abre o Sol e a caminhar até podes jurar que sentes um calorzinho... por isso, levámos mangas curtas (para vestir por baixo das camisolas mais quentes), camisolas interiores quentes, camisolas de lã, sweats de algodão, casaco impermeável (imprescindível não só para a chuva mas também para visitar e "entrar" nas cascatas!), calças de ganga, collants para vestir por baixo das calças (odeio, odeio, odeio!), ténis, botas impermeáveis e luvas (que praticamente não usámos). E posso jurar que deu para vestir de tudo um pouco. Malas grandes é do que se precisa. 

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3. Usar o cartão Revolut

A Islândia é um país bastante caro, e utilizar o cartão Revolut ajuda a que a taxa de conversão da moeda seja mais vantajosa (e acreditem, na Islândia todos os cêntimos contam). Para além disso, é super prático.

4. Pagar um transfer em vez de um taxi DESDE e PARA o aeroporto.

Um taxi na Islândia do aeroporto de Keflavik para Reykjavik (e vice versa) custa mais de 100 euros por viagem! O transfer, para além de ser muito fácil de comprar online ou já no aeroporto, é sempre bastante pontual, e poupa-se mais de metade do dinheiro em comparação aos taxis. Para além disso, param em imensos pontos específicos da cidade, o que faz com que não existam enormes distâncias entre os locais onde estamos e onde temos de apanhar o autocarro.

5. O Hotel "Leifur Eiriksson"

Primeiramente, escolhemos um Hostel para pernoitar. Até me doeu a alma com o que ia pagar por um quarto com casa de banho que era partilhada e sem pequeno-almoço incluído. Por isso, perdemos um pouco amor ao dinheiro e resolvemos gastar mais um pouco para ficar no Leifur. É dos mais antigos que existe e dos mais conhecidos, e também não é, de todo, dos mais caros, mas foi mais que suficiente. Já tinha buffet de pequeno-almoço super completo e máquina de café/chocolate quente/leite/chá disponível todo o dia, também de graça (acreditem, poupámos bastante em cafés e chás, que sabem sempre bem após o jantar ou após um dia inteiro a caminhar).

É um hotel relativamente pequeno e decorado de forma super pitoresca. A limpeza aos quartos é feita todos os dias, se assim o entendermos, e os rececionistas estão lá 24 horas, o que nos deu muito jeito, por exemplo, na realização do check out às 4 da manhã. 

Está situado mesmo frente à famosa igreja Hallgrímskirkja, que é um dos pontos de turismo principais. Os transferes e as excursões param a 200 metros de distância, o que foi muito conveniente.

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6. Levar comida/snacks de Portugal e escolher "pequeno-almoço incluído"

Com isto não estou a dizer para levarmos um bacalhau ou uns bifes para assar. Mas eu e o João levámos atum em lata de Portugal, frutos secos, bolachas e sumos em pacotes pequenos. Deu para quatro refeições e vários lanches para as nossas aventuras no meio da Islândia, complementando com as peças de fruta, o pão, o iogurte ou as barritas que podíamos levar do buffet do pequeno-almoço, incluído na tarifa paga no Hotel. No mínimo, poupámos cerca de 120 euros cada um. Os preços praticados em supermercados como o "Bónus" equivalem aos preços praticados, por exemplo, em Londres, mas não deixa de ser mais caro do que os preços praticados em Portugal.

Ainda assim, é ótimo podermos comer fora e ir a contar com isso. O que me leva à sétima dica: 

7. Tirar tempo para pesquisar os preços praticados em restaurantes

Nós não tínhamos onde cozinhar porque ficámos num hotel. Não nos compensava alugar uma casa inteira quando mal iríamos lá pôr os pés e teríamos de comprar na mesma o pequeno almoço (acreditem, acho que eram os valores que mais doíam: 5 euros apenas por um café, por exemplo).

Por isso, tirámos tempo a pesquisar os valores praticados nos restaurantes, enquanto passeávamos por Reykjavik. A maior parte dos restaurantes têm os seus valores disponíveis à porta do estabelecimento e dá para ter uma noção. Outros conseguimos ver online, em dicas de outros viajantes.

Há restaurantes de todos os géneros: comida típica, fast food, italiano, kebab, e por aí fora. A comida típica é muito baseada em peixe fresco (incluindo tubarão) e carneiro, que eu de-tes-to, por isso não consegui provar grande coisa. Para terem uma noção, cheguei a pedir um cachorro quente que quase cuspi (perdoem-me a "classe") e percebi depois que também era da carne do pobre animal. No entanto, há uma sopa, que chamam simplesmente de "Icelandic soup" servida dentro de um pão grande, que apesar de ser tipicamente servida com carneiro ou peixe, também é feita com outras variedades, incluindo vegetariana, e não é cara nos barzinhos mais típicos (cerca de 10 euros), e é muito boa.

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Um restaurante que nos conquistou por completo foi um italiano que descobrimos, o Rossopomodoro, onde pagámos sempre cerca de 30 euros por pessoa (isto é baratíssimo na islândia, ok?) e que era de uma qualidade abismal, desde o espaço e ao atendimento à comida. Este não vimos em nenhuma "dica de viajante", por isso apontem, está bom? De nada.

Outra característica dos restaurantes islandeses é que oferecem os copos de água. Se não quiserem pedir uma bebida... não pedem! Quando vos servem, irão automaticamente colocar-vos à frente um copo de água como se de uma entrada se tratasse. E não ficam aborrecidos se não quiserem outra coisa para beber. 

8. Experimentem os gelados do "Valdís" e o acolhimento dos gatinhos no café "Kattakaffihúsið"

A gelataria fica em Reykjavik e não tem nenhum conceito inovador ou algo do género, mas tem muita variedade nos sabores (incluindo de Kinder... VIDA!) e os preços não são superiores aos de uma gelataria no centro de Lisboa. Para quem gosta de gelados, mesmo no inverno, como eu... este é o spot!

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Para os fãs de gatos, também há um café giro, giro, giro em que os protagonistas são os nossos amigos felinos. Há pelo menos cinco por lá, e a dona do café é a sua "família de acolhimento". Os interessados em adotá-los, podem fazê-lo. Até lá, bebemos chá ou um café, comemos bolos caseiros (deliciosos), desfrutamos do espaço acolhedor e pitoresco e da companhia destes amigos, que tanto se deitam ao nosso lado apenas a fingir que não existimos, como nos pedem brincadeira. Eu amei o espaço, até porque estava cheia de saudades do meu gato, e acabámos por ir lá duas vezes.

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9. Excursões: vale a pena pagar por elas ou alugar carro?

O aluguer dos carros, na nossa opinião, é muito caro para quem queira fazer uma estadia parecida à nossa (ir e voltar para Reykjavik). Creio que compensa mais para quem pretenda avançar caminho e ir pernoitando pelo meio. No nosso caso as excursões compensaram, principalmente por não termos de ir preocupados com o caminho. As pessoas têm uma imagem das excursões muito "castradora", mas não é bem assim. Os guias têm sempre dicas e acabam por nos levar a sítios extra fora do roteiro, explicar-nos conceitos e contar-nos mais sobre a cultura islandesa e sobre a natureza que a rodeia, em perfeito inglês. Já nos locais, dão-nos bastante tempo para explorar. É uma questão de lermos bem o roteiro e vermos que tipo de excursão estamos a adquirir. Usámos vários sites de excursões, lá é tudo bastante fidedigno. 

10. O que visitar

Esta acaba por não ser bem uma dica, porque sei que existe muito mais para ver. Mas todos os sítios que visitámos valeram a pena, por isso o que eu vos aconselho, se tiverem tempo limitado a uma semana como nós, é a optarem pela natureza (cascatas, crateras de vulcões, as praias de areia preta, os glaciares, entre outros), terem dois dias tranquilos a caminhar por Reykjavik, onde dar uma vista de olhos pela "Opera house", ver as lojas, apreciar a paisagem, apanhar ar puro e também visitar a igreja Hallgrímskirkja, e também perderem um pouco de amor ao dinheiro para terem a experiência da Blue Lagoon! Organizem bem a vossa estadia, porque há tanto para ver que não vão querer deixar determinadas experiências de fora, acreditem!

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Nota sobre as fotografias: São um resumo muito bem resumido (perdoem-me a redundância) do que visitar. Torna-se difícil escolher entre as milhares de fotografias, os milhares de recantos, a natureza, a vida urbana, os monumentos!

11. Não estranhar o cheiro dos WC's

A Islândia pratica uma política de energias renováveis, o que faz com que, por exemplo, os WC's cheirem um pouco a enxofre. E porquê? A sua água é aquecida pela energia vulcânica, pelo que é normal que sintam esse cheiro por vezes desagradável. Ponto a favor? Pagam um preço muito pouco significativo de água e luz!

"E Joana, como são as pessoas?"

Os Islandeses no geral são pacatos, extremamente tranquilos, muito simpáticos e educados.

Os nossos guias turísticos foram todos extremamente acolhedores, ao ponto de sentirmos que estávamos a conhecer a Islândia aos olhos de amigos. 

Sempre que precisámos de orientações na rua ou nos restaurantes, a ajuda foi sempre prestada com gosto e sem "graxas" (se forem a Marrocos e à Islândia, verão o 8 e o 80). Também há pessoas locais que se oferecem para nos tirar fotografias quando vêem que estamos a tirar "selfies" de casal, uma vez que não conseguimos tirar fotografias juntos de outra forma. Não pedem nada em troca por isso, são educados, desejam-nos uma boa estadia e seguem caminho.

Outra coisa que os Islandeses são é rigorosamente pontuais. Nunca um transfer ou uma excursão se atrasou. Eles pedem-nos para estar com meia hora de antecedência à espera por esse mesmo motivo, e detestam quando as pessoas não cumprem. 

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Espero ter-vos sido útil! Aconselho vivamente, a quem não tem ainda a Islândia na sua lista de "lugares a visitar", a colocar sem medos. Todo o investimento vale a pena. Apesar dos dias intensivos de exploração, voltei a sentir-me renovada.

Sab | 21.03.20

De regresso - quase um ano depois

Voltar a este cantinho tem tanto de estranho como de acolhedor. Parece quase quando voltamos àquela casa na terrinha dos avós ou à casa de férias que alugamos pela segunda vez após alguns anos a experimentar outros destinos. Sabe a desconhecido e a familiar ao mesmo tempo.

Muito mudou neste "quase-um-ano":

- Viajei mais, e planeava vir aqui contar, relatar, dar dicas e aconselhar (fá-lo-ei na mesma, ainda que com delay, porque foram/são lugares que valem bastante a pena conhecer);

- Terminei a licenciatura, e o meu mestrado está mesmo nos "finalmentes". (o maior motivo da minha ausência);

- Continuei a trabalhar naquilo que mais me apaixona e que quem me segue por aqui, já conhece: a dança e tudo o que está relacionado com a mesma;

- E o melhor e mais inesperado de tudo: engravidei. Aliás, estou grávida neste preciso momento de um já muito amado baby V. 

O verdadeiro motivo para regressar, ainda que seja com a intenção mais positiva deste mundo (escrever e partilhar), não tem o melhor motivo. O motivo é vivido por todos nós de forma intensa e repentina há cerca de uma semana: Quarentena. Covid-19. Falarei mais sobre isso em posts à parte. 

Hoje, vim só habituar-me de novo a isto. E dizer-vos um tímido mas entusiasmado: 

I'm back!

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Fotografia: Margarida Pestana (instagram @margaridanpestana)