Primeiro que tudo, quero dizer-te o quão amado e desejado já és, por mim, pelo teu pai e pelo resto da tua família (mesmo a família "emprestada", que saberás depois que é enorme);
Em segundo lugar, quero agradecer-te por estares a ser tão bonzinho para mim enquanto "inquilino" na minha barriga. Nunca pensei que me sentisse tão bonita durante a gravidez, tinha na minha cabeça todo um outro cenário, que tu gentilmente desfizeste para me fazer sentir bem;
E em terceiro lugar, quero pedir-te desculpa por, num momento em que por um lado me sinto radiante e ansiosa por te conhecer, por outro te possa passar sensações como ansiedade e frustração. A culpa não é tua. É do Mundo em que atualmente vivo e que te espera cá fora. Um Mundo que te espera de braços abertos, mas com algumas reticências, restrições e pontos de interrogação, creio eu que durante um tempo. (Quanto? Não sei).
Há muitos sorrisos que terás de aprender a interpretar pelo olhar, porque as bocas estarão tapadas com máscaras. Mas de mim, terás sempre um sorriso aberto e arejado.
Não poderás, por uns tempos, ser abraçado e beijado por todos aqueles que anseiam fazê-lo. Mas de mim poderás esperar sempre os abraços mais apertados e os beijinhos mais repenicados (daqueles que, por vezes, até te chateiam).
Não conhecerás muitos colos. Mas irei certificar-me de que conheces o meu de cor.
Não reconhecerás muitas vozes ao longo dos teus primeiros meses de vida. Mas a minha, vais ouvir sempre de perto, a sussurrar-te o quanto és lindo e valente.
Não conhecerás o Mundo que nós conhecemos, porque por mais que "tudo melhore", não sairemos disto as mesmas pessoas. Não sei se o Mundo será um lugar mais bonito ou mais feio, porque a incógnita é, neste momento, quem vai de mão dada com o Covid-19. Mas de uma coisa podes ter a certeza... Há uma lei que prevalece sempre, e que resiste a todos os tempos e todos os vírus: o amor. Só de existires, o Mundo será sempre bem mais bonito aos meus olhos.
Os livros sempre foram paixão, tanto na vertente de leitura como de escrita. Assim que aprendi a "dominar" ambas, fui enchendo as estantes de novas histórias e também comprei um bloco na "Loja dos 300" (lembram-se dessas lojas?) e comecei a escrever aquilo a que chamava de poesia, porque rimar era um desafio que adorava propor-me a mim própria. Depois, já no 2º ciclo, tive a honra de ter como professora de Língua Portuguesa a escritora de livros infanto-juvenis Maria da Conceição Ferreira, e com ela (e a sua exigência e incentivo) consegui não só aprimorar o "dom da palavra", como também desbravei caminhos, ganhei concursos de escrita criativa e escrevi duas peças para dois jornais locais. Quando ingressei no ensino secundário, tinha a certeza que queria ser jornalista, daquelas de bloco e caneta na mão, gravador no cinto (ainda havia disso), a fazer as perguntas difíceis e a "mergulhar" a fundo nos temas que dariam as melhores peças. Ganhei, juntamente com alguns colegas de turma, o título de "Jornalistas do Futuro" através de um concurso nacional do Diário de Notícias, e sentia-me nas núvens: "é mesmo isto!".
O jornalismo não aconteceu, porque enquanto a escrita me apaixonava, a dança também, e até ali achava que nunca poderia, na minha vida, ser bailarina profissional. Quando finalmente tomei coragem (já com a candidatura às faculdades à minha frente), só concorri a Dança e a uma faculdade. Na minha cabeça, a dança era mais urgente e o jornalismo seria a segunda licenciatura que iria fazer. Foi com esse pensamento que cheguei ao fim da universidade, e depois de queimar as fitas retomei os estudos para o Exame Nacional de Português, onde obtive bons resultados, mas meia décima a menos da última entrada nos dois únicos cursos de jornalismo/comunicação social que me interessavam (basicamente, fui a primeira a não entrar nas duas fases. Frustrante, han?). Por isso, depois de muitas lágrimas de frustração, parei um ano, e a vida levou-me onde eu sei que era suposto levar: "pela dança fora". Pelos castings, os programas de televisão, os diretos, os Globos de Ouro, as figurações e, finalmente, pelo trabalho coreográfico, pelos palcos e pelo ensino da dança, que descobri ser a parte que mais me fascinava. No meio de tudo isso, e de muitos livros lidos por puro prazer, este blog existia e foi crescendo comigo, não a nível de números (sinceramente, nunca me empenhei muito para tal) mas a nível de parceria comigo mesma. Foi através dele que nunca deixei morrer a escrita, mesmo que esta fosse tão informal quanto a conhecem, e a um certo ponto, através dele, nasceu a ideia de ligar as três atuais vertentes da minha vida (dança, livros e crianças) e juntá-los num cocktail de sonhos antigos. Assim nasceu a Mica, para a creche, o pré-escolar e o primeiro ciclo, e com ela nasceu um projeto maravilhoso. Hoje em dia já tenho a sorte e o orgulho de poder dizer que tenho dois livros infantis publicados, que já me fizeram conhecer pessoas extraordinárias (em particular a minha "partner in crime", Sara Lou) e ter/providenciar experiências incríveis.
Tenho um projeto na gaveta para um terceiro livro, o derradeiro para “encerrar” este ciclo da Mica, assim como outro projeto para malta um bocadinho mais velha que, curiosamente, já venho a tentar escrever desde os meus 12 anos. Talvez devesse trabalhá-los nesta quarentena, mas ainda não me sinto “alinhada” para o fazer. Até lá, só quero aconselhar a todos: leiam. Cheirem livros. Entendam o poder das palavras.
Os meus livros estão disponíveis online em páginas como Wook, Bertrand e Fnac, caso queiram adquiri-los nestes dias. Aproveitem os descontos!
Hoje sinto que é o dia indicado para vos agradecer por perderem um pouco do vosso tempo a ler as palavras que escrevo, por isso... Obrigado!
PS: Cliquem AQUI para terem acesso ao primeiro livro, "A Mica traquina quer ser bailarina", contada por uma das melhores contadoras de histórias do universo, na página de facebook dos meus livros :)
Se há lugar no Mundo que vale a pena visitar, é Copenhaga. A capital da Dinamarca tem uma arquitetura bastante modernizada, mas não deixa de ter um verdadeiro poço de história e cultura, para além da sua admirável política sustentável. As pessoas no seu geral são tranquilas (até mesmo as crianças), andam bastante a pé e de bicicleta e enchem a cidade sem podermos chamar-lhe de caos (é exatamente o contrário). Não vou fazer aqui um roteiro, porque a nossa ideia para esta viagem de 5 dias (em que dois deles foram em grande parte no aeroporto) foi andar muito a pé, ir descobrindo o que havia para descobrir, e "respirar" efetivamente a cidade, sem grandes planos.
Claro que há sítios que não podemos perder, tais como Nyhavn, que é o verdadeiro postal de visita da cidade, passear em Stroget e passar um dia inteiro no "Tivoli Gardens" que é nada mais nada menos que o segundo Parque de Diversões mais antigo em funcionamento no Mundo e que para além de atrações muito peculiares (pelo seu aspeto pitoresco e antigo), tem também atrações modernizadas e jardins lindos onde se pode assistir a espetáculos musicais/de dança ou só mesmo desfrutar, comer e passear.
Desta vez não irei escrever dicas, ou algo do género. Vou deixar que as fotografias falem por si, numa viagem que foi mesmo para desfrutar de mão dada e ficar com os músculos das pernas a latejar ao final do dia. Mas se tiverem questões, sintam-se à vontade para colocar nos comentários!
Não farei deste regresso ao blog um "diário de Covid-19", prometo. Se fosse para isso, preferia não regressar de todo, porque já existe demasiado ruído sobre o tema, à nossa volta. Mas esta "casa" não deixa de ser minha, e também não vou ignorar o que se está a passar, principalmente quando já não suporto que todas as conversas entre as pessoas acabem com um "vamos todos ficar bem" e um arco-íris (perdoem-me todas as que o fazem, sei que são bem intencionadas, mas já parece quase uma seita religiosa). Há pessoas que , como eu, neste momento, preferem ouvir/ler um "sei o que sentes e não faz mal senti-lo" ou "não faz mal chorares", ou "é normal sentires-te inútil no meio de tanta gente que teima - e ainda bem! - mostrar o quão produtivas, glamorosas e espetaculares estão a ser nestes dias", ou até mesmo ouvir um "não precisas de tirar o melhor partido da quarentena e ser ultra otimista, neste momento. Hás de lá chegar quando te sentires confortável." Não me interpretem mal, ainda bem que existem as "pessoas arco íris", não só para se sentirem melhores com elas mesmas, mas para fazerem outros tantos sentirem-se melhor também. Mas não somos todos assim. Não estamos todos a conseguir ser influenciados por essa onda colorida, da roupa bonita para ficar em casa, da maquilhagem, da operação "fit em casa". Gostávamos de ser, talvez, mas não somos, e não faz mal.
Esta tem sido uma luta lixada para todos. De repente, as poucas certezas que temos sobre o futuro parecem desvanecer-se, e se há dias em que ainda lhes conseguimos "sentir o cheiro" e aguentar, noutros parece que essas certezas desaparecem no meio das paredes da nossa casa, para as quais já estamos fartos de olhar. Há quem só comece a entrar em pânico agora pela quantidade de dias em clausura, ou porque os primeiros dias até souberam bem para descansar. Eu fui ao contrário: entrei em pânico no exato instante em que me disseram “tens de parar de trabalhar, já não é seguro”. Foram dias negros em vários e amargos sentidos. A frustração, a angústia e a ansiedade continuam cá em larga escala, não se deixem enganar. E até a culpa, quando, bem intencionadas ou não, as pessoas me dizem "o teu bebé também sente o que estás a sentir". E essa é a cereja no topo de um bolo estragado, porque não quero, de todo, que ele conheça já tamanhas sensações negativas. Mas por mim e pelos meus, estou a tentar adotar outro tipo de pensamento, a um ritmo que é só meu. São mais os dias em que não dá para o fazer do que aqueles em que efetivamente consigo fazê-lo. Mas vou tentando, dia após dia, tornar-me numa equilibrista de corda bamba em plena tempestade.
Não, não vou acabar esta rúbrica dos "Desabafos em quarentena" com um #vamostodosficarbem. Prefiro um #façamavossaparte.