Férias cá dentro (praia, campo e um bebé)
O ano passado, o Vicente nasceu no início de julho e tinha apenas um mês no início de agosto. Juntando isto ao fator "Covid-e-pessoas-que-não-querem-saber-dessa-porra-para-nada", as férias ficaram muito limitadas. Este ano, ainda que com Covid a cirandar (o gajo gostou mesmo disto), o Vicente está mais crescido e precisávamos MESMO de ir respirar outros "ares". Começámos automaticamente a pensar em férias ainda o ano 2021 mal tinha começado, e a fazer figas para não termos de cancelar pelos motivos que já todos estamos fartos de saber. Só que, ao contrário da "lista de prioridades" que geralmente temos para andar por aí (ou seja, explorar muito e descansar pouco), queríamos apenas praia, piscina e alguém que se preocupasse com a comida por nós. E ao contrário do que costuma acontecer, quisemos ficar em Portugal. Se pudéssemos largar o carro e a carteira no dia da chegada e só voltar a pegar 6 dias depois, melhor. E assim foi.
Escolhemos o "Salgados Palm Village" em Albufeira (Algarve), com regime "tudo incluído". Lemos que era um local totalmente "family friendly", e posso confirmar que foi o local ideal para passar férias com um bebé de um ano. Melhor mesmo, só se não tivéssemos de andar de máscara e com receio de chegar demasiado perto das pessoas, mas nada é perfeito (e muito menos hoje em dia, não é verdade?). Ainda assim, em pleno final de julho e local de estadia cheio, nunca me senti em enormes aglomerados. A grande quantidade de piscinas que o alojamento tem faz-nos automaticamente estar distribuídos, ainda que nas "piscinas principais" (que não frequentámos), frente aos buffets, as pessoas tivessem tendência a ficar "mais ao molho", talvez pelas animações e pela maior circulação para ir buscar comida. A piscina frente ao nosso quarto deu para estarmos todos os dias com apenas mais duas ou três pessoas em simultâneo na água, e espreguiçadeiras nunca foram problema.
Quanto à comida, tinha sempre variedade para todos os gostos, incluindo sopa passada e sem sal, para bebés. O facto de não ter de me preocupar com a sopa do meu filho foi o maior descanso da vida. Não adicionavam nela carne nem peixe, mas como ele já vai comendo o segundo prato connosco, foi ingerindo assim a proteína necessária. Os três locais existentes para comer eram organizados por marcação da nossa parte nos horários pré-estabelecidos, para que não existissem nem aglomerados de pessoas, nem filas de espera.
O staff, não só presente nos buffets como também na receção, bar (e etc...) foi todo super simpático, prestável e via-se efetivamente o gosto em haverem crianças por perto. Muitas vezes, em vários locais, sabemos que educadamente se limpa um prato com comida que um bebé atira para o chão sem querer, mas ali, para além disso, ouvi imediatamente um "não se preocupem pais, são coisas que acontecem toooodos os dias, é a nossa maior animação", com um sorriso que decifrámos nos olhos por detrás da máscara. O Vicente fez inclusive um "amigo" entre os empregados, que já o cumprimentava todos os dias e que, no nosso último dia, se veio despedir de nós. Num local com milhares de quartos, creio que é de louvar este tipo de relação que se consegue criar.
O transporte para a praia foi sempre nos comboios gratuitos que existem para o efeito. De momento, os bancos são para sentar em "banco sim, banco não", para manter a distância mesmo estando completamente ao ar livre, e é obrigatório usar máscara no trajeto. O caminho é curto e faz-se bem. Só acho que deveria haver um último comboio para além das 18:30h (19h...19:30h), porque este último condiciona bastante quem quer fazer praia até ao pôr-do-sol todos os dias.
Os quartos eram enormes, com uma varanda igualmente grande. Para quem adora camas com colchões super moles, vão estar nas núvens. Para mim, foi um pequeno martírio ao qual as minhas costas se habituaram em prol de todos os restantes pontos positivos.
Em suma, fomos os três muito feliz nos Salgados, e adorei as nossas primeiras férias a três. O João costuma gozar comigo por eu dizer que adoro o "cheiro do Algarve", mas efetivamente, o ar tem um cheiro diferente para quem o frequenta todos os anos (o que me trouxe uma enorme nostalgia por ter "falhado" o ano 2020). É um cheiro constante a mar, a renovação, a esperanças e perspetivas (creio que principalmente para quem, como eu, contabiliza os seus anos em "anos letivos", que iniciam em setembro). Este ano digamos que mal deu para respirar esse ar, entre máscaras e bebé (xD), mas sempre que pude... foi o que fiz. E depois de um ano de tantas transformações, de tanto trabalho, de tantas aprendizagens enquanto mãe, mulher e profissional, e de tantos receios que carreguei com um enorme peso... foi bom sentir que, por 6 dias, o Algarve me retirou alguns kgs dos ombros.
Após o Algarve, achei que seria bom fazermos mais um fim de semana do género das nossas "férias grandes", mas num contexto diferente. Por isso, pesquisei várias casas de campo e surgiu o "Tons da Terra Country House & Spa" em São Domingos, no Alentejo. É uma casa de campo com algumas funcionalidades de spa englobados, mas nós não tínhamos esse objetivo. Queríamos apenas espairecer mais um pouco, passar um fim de semana diferente e colecionar mais alguns bons momentos. O monte é lindíssimo, a decoração campestre com aspeto familiar mas sem descurar o bom gosto e o poder dos detalhes (adorava ter conseguido andar a tirar fotografias dos detalhes para partilhar e para recordar, mas uma vez mais... bebé xD). Tem vários quartos divididos por pequenas casinhas, e uma sala comum com alpendre e uma divisão auxiliar para refeições. Tem duas piscinas que, neste momento, devido ao Covid, são restritas aos quartos próximos (nós, por exemplo, tínhamos uma piscina frente ao nosso quarto, frente essa dividida com mais dois quartos familiares, e só as pessoas nesses três quartos podiam usufruir dessa mesma piscina). Para as refeições, tal como no "Salgados Palm Village", eram estabelecidos previamente horários, mas não era em contexto buffet e sim "carta".
As únicas coisas que me incomodaram foram as abelhas no alpendre (tenho pânico, ok? Mas sei que esta parte não é "controlável" pelo staff), e também o facto de não terem uma casa-de-banho na área comum/de refeições, o que nos obrigava a ir aos quartos se fosse necessário usufruir.
Foi um fim de semana super tranquilo, longe de tudo e de todos, e também bastante "family friendly". Não sei se seria contexto para lá passar uma semana inteira (na minha opinião, claro), mas eles fazem por proporcionar às famílias atividades que sejam possíveis para todos, incluíndo bicicletas para passeios que tinham uma cadeira adaptada de bebé na traseira (não usufruímos porque fomos naquele fim-de-semana se extremo calor, e com os 40 graus à sombra preferimos a piscina frente ao quarto). Dá-me imensa vontade de lá voltar para um fim de semana no inverno, porque aquelas lareiras convidam mesmo a algo do género, super acolhedor.
Foram duas experiências de "ir para fora cá dentro" super distintas uma da outra, mas ambas com "capacidade" de receber bebés e de facilitar um pouco a vida aos pais. Repetia já amanhã, uma a seguir à outra, e adorei viajar com o meu filho pela primeira vez, proporcionar-lhe novos estímulos e momentos, e sentir um (muito) ligeiro gostinho à liberdade que outrora tivemos e ansiamos, mais que tudo, ter de volta. Para quem adora viajar e disse outrora que, quando tivesse um filho, seria a sua nova "mochila às costas" para o fazer, considero que este é um bom e seguro começo, em anos de pandemia e desafios "extra".
Fica o meu "feedback" resumido de ambas as experiências. Repito, adorava ter mais fotografias ilustrativas do que escrevi, e de alguns detalhes de ambos os locais, mas foi o possível. Ainda assim, talvez possa ajudar alguém na sua tomada de decisões para as próximas férias, porque eu também adoro ler reviews dos locais assim, mais "crus" e sem grandes "filtros nem conversas" :)