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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Qui | 30.05.13

Cicatrizes

Por vezes acordamos de madrugada com sobressaltos e suores frios provocados por um pesadelo... pesadelo esse que foi evocado das memórias escondidas nos recantos mais obscuros da nossa mente.
Ontem sonhei com aquele telefonema que me deixou histérica de raiva. Disse-te tudo "como os malucos" de novo. Sinceramente, daquele momento eu não me arrependo muito, não por qualquer tipo de desejo de vingança pois apenas te desejo o melhor... mas porque sei que a partir daquele momento se tornou mais fácil para ti esquecer-me e eu não deixei nada na alma por dizer (o que ajudou a uma cura mais rápida).
Nesse pesadelo, assim como se passou na realidade há apenas uns meses atrás, chorei um dia inteiro e não comi nos três dias seguintes. Revivi tudo, podia sentir a dor de cabeça, os soluços, a dor de estomago, a voz rouca, o desespero da minha mãe que já chorava comigo por me ver assim... senti de novo a humilhação a que me auto-infligi por te ter dado tanto, sabendo que nunca fui a tua prioridade.
Hoje já não doi. Aliás, já não doi há algum tempo. O pesadelo foi apenas como uma dor fantasma. No entanto, fez-me pensar "mas por que raio eu me sujeitei a isto durante tanto tempo?"; fez-me pensar em tudo o que démos um ao outro, e fico a pensar o que te ia na cabeça quando metade de ti  deixaste permanecer comigo até tão "tarde". Culpa dos dois, é certo. Mas se eu tinha esperança que algo em ti mudasse de opinião, já tu hoje em dia demonstras que sempre soubeste bem o que querias. E isso faz-me sentir ridícula, ainda que seja esse o único sentimento que emana de mim sempre que a minha mente me prega uma partida e me vai evocar memórias destas. Porque de resto... sinto nada vezes nada em relação ao assunto. Foi um capítulo que fechou, um capítulo que por muito tempo quis crer que estava escrito para ter um final feliz; um capítulo que tempos depois desejei que fosse rasgado e atirado à fogueira, como aqueles parágrafos que os autores consideram de má qualidade e perda de tempo para as suas obras. Hoje em dia, aceito que esse capítulo tenha sido escrito e que esteja inerente nos dois para sempre (quer queiramos quer não)... quero acreditar que realmente tinha de ser escrito para que no futuro pudéssemos sustentar o Amor de cada um com a força de dois adultos e não de dois adolescentes idiotas que outrora fomos juntos.
Hoje aceito que não és meu e que nunca foste (ainda que muitas vezes me tenhas feito,voluntariamente ou não, acreditar no contrário.) Descobri que contigo não estava destinada porque o destino queria cruzar-me com o melhor Homem que já conheci, aquele do sorriso lindo e dos olhos apaixonados que me fazem sentir Raínha do seu castelo. E portanto, depois de ter acordado sobressaltada e com suores frios, depois de ter relembrado demasiado e auto-infligido um pouco mais o sentimento de humilhação que outrora tão bem conheci... voltei a adormecer em paz. Paz comigo mesma, contigo, connosco.