Ter | 29.05.12
Aquela coreografia
Falta um dia para a Mostra Final de Dança do semestre. Vou dançar três coreografias, cada uma com a sua mensagem, cada uma com a sua essência, cada uma com a sua dificuldade.
E no entanto, é esta a única coreografia que me está a preocupar. A que contem esta música como fundo. É, indiscutivelmente a que me dá mais gozo de executar... mas ao mesmo tempo é curiosamente aquela que me deixa desconfortável. Não por uma questão de dificuldade física, mas de carga emocional.
Ontem no ensaio a Professora pediu-nos que, anonimamente, escrevêssemos em papel uma palavra que representasse o que aquela coreografia nos fazia sentir. E eu fiquei indecisa entre o prazer e o desconforto, e pus-me a pensar quão espantoso é o facto de apenas existir uma ténue linha a separar dois sentimentos tão distintos.
A coreografia fala de vícios. Fala do "ter de ir embora" com vontade de ficar. Fala da fraqueza humana. Da sua condição frágil. Do seu temperamento obscuro. Dos seus abismos.
Acho extraordinário como é que se consegue transmitir tanto em tão pouco tempo, e sinto-me muito honrada por fazer parte disto. No entanto, enquanto a estou a dançar entrego-me tanto à personagem que só me apetece fugir dela no momento a seguir, despi-la imediatamente. É confuso, faz-me lembrar o contraste entre o meu signo e o ascendente (ter como signo caranguejo e ascendente aquário, como diria a nossa querida Prof. Jocelyne, é um fardo dificil de carregar).
Vai ser a última coreografia interpretada pela minha turma, naquela noite. E portanto, estamos dispostos a dar tudo por tudo. Mas que vão cair lágrimas, isso vão... seja qual for o significado delas.
A propósito... disse que fiquei indecisa entre o prazer e o desconforto, na escolha da palavra representativa. Qual escolhi? Nem uma nem outra. Implorei à professora que me deixasse, em vez de uma palavra, escrever uma frase. E a que saiu, foi: "O puro prazer de dançar, no desconforto do lado mais animalesco da nossa existência."
Isto vai correr bem... We hope xD