Abraços (pormenores) que fazem o meu dia
Esta semana, numa animação que fiz numa das escolas onde dou aulas, um dos meus alunos (que tem Espectro de Autismo) ficou a assistir, todo contente. Sorria de orelha a orelha, por sentir a energia divertida que ia dentro daquele pavilhão. Acenei-lhe quando olhou para mim e imediatamente ele me acenou, ainda que desviando o olhar (para quem não sabe, é raro um autista gostar/conseguir olhar nos olhos de outra pessoa). Quando terminei a aula, já a arrumar as minhas coisas para descansar até à sessão seguinte, senti alguém abraçar-me as pernas, atrás. Quando me virei, lá estava o T (o meu menino autista) agarrado a mim. Retribuí o abraço. Nunca ele me tinha deixado fazer tal coisa. Relembro que as pessoas com Espectro de Autismo também não gostam, na sua maioria, que lhes toquem e muito menos que os apertem, abracem ou beijem.
Fiquei mais feliz do que possam imaginar. Foram tantas as vezes que tentei dar-lhe um abracinho ligeiro, ou até mesmo fazer uma festa no cabelo... e a resposta foi sempre um grunhido e um pequeno empurrão.
Hoje recebi o derradeiro abraço. Aquele que não sei se voltarei a sentir. Aquele que, ainda assim, foi o melhor abraço de todos.