Dizer várias vezes para acreditar: O MEU SEGUNDO LIVRO
"O meu segundo livro". Quando escrevo, leio e digo para mim mesma estas quatro palavras juntas numa única frase, sinto uma mistura de emoções e sensações diferentes.
A primeira coisa que sinto é, obviamente, felicidade. Quem me conhece sabe que desde pequenina dizia que queria ser "bailarina e escritora." Mais tarde, assumi vincadamente que queria ser "bailarina e jornalista". E quando o jornalismo teve de ficar para trás, conseguir manter este bichinho da escrita elevando-o até este patamar foi um sonho tornado realidade. E aliado à dança, às crianças e à evolução de mentalidades é motivo para estar nas núvens.
Outro sentimento que trago é, por mais estranho que pareça, algum desalento. E desculpem-me passar do oito para o oitenta e, ainda por cima, deixar-vos sem uma explicação para isto - que vou deixar - mas tinha de o deixar registado. Talvez um dia o explique. Nada que não se ultrapasse.
Passando já de novo para energias mais positivas, sinto também orgulho. Orgulho em mim, que consegui trazer a Mica de volta, orgulho na Sara, que consegue ser a melhor ilustradora do mundo e ao mesmo tempo uma trabalhadora a full time noutras vertentes da sua área, orgulho na própria Mica que é apenas uma personagem mas é também uma presença, uma voz "de fundo", uma personalidade doce mas vincada e pronta para mudar o mundo com as suas convicções e, no caso deste novo livro, com a sua curiosidade e comunicação.
Posso dizer que sinto também medo. E não tenho medo de ter medo, muito pelo contrário. Ter medo é bom. É ter noção. É ter uma âncora que me ajuda a manter os pés assentes na terra quando, em modo de eterna sonhadora, me apetece levitar.
E entre tantos outros sentimentos que poderia aqui enumerar mas que tornariam este post um possível estudo de caso para os psicólogos deste país, tenho aqui que salientar a GRATIDÃO. Sinto-me grata por ter uma família que tanto me atura nestes atos de loucura, grata por ter um noivo que confia nos meus saltos de fé, grata por ter uma amiga-ilustradora disposta a continuar a "saltar" comigo, grata por ter amigos (poucos, mas bons) que têm sempre uma palavra certa quando já não consigo continuar a fingir que sou rija e quebro um pouco a carapaça da "carangueja" que sou, grata por todas as (muitas!) crianças que ouviram, viram, leram, contaram e viveram a Mica de uma forma tão única que lhe deram vida e permitiram que ela seguisse as suas aventuras e continuasse a sua missão junto a mim.
Talvez vá voltar a repetir tudo isto aquando do lançamento. Ainda falta mais de um mês. Mas hoje, que anuncio este meu outro "bebé literário", não fazia sentido começar de outra forma. Nem sequer a falar sobre o seu conteúdo. Primeiro tinha de me "situar em mim mesma". Agora sim. Vamos a isto, Mica!
Fotografias: Margarida Pestana