Nas núvens
Sabem quando vocês têm daquelas ideias que, na altura, acham extraordinárias, e que quando chega o dia de pô-las em prática, ficam a perguntar-se: "Mas onde raio estava eu com a cabeça?"
Pois é... Aqui a Ju decidiu, no Natal passado, presentear o namorado de várias formas: Vai de relógio que ele tanto queria, vai de camisola que lhe fica tão bem, vai de cartão fofinho cheio de palavras lamechas à-la-Joana sobre o nosso primeiro Natal e coisas que tais... e vai de um voucher da groupon com "Voo de Parapente para duas pessoas". (euzinha a tentar ser imprevisível, divertida e dinâmica)
Ele amou a ideia, concordámos esperar que os meses de mau tempo passassem para então marcar o nosso "voo"... e assim chegou Maio.
Acho que nunca me apercebi muito bem da dimensão do que lhe tinha oferecido, até chegar à praia de Santa Rita, em Santa Cruz. Quando olhei para a falésia onde nos encontrávamos, e quando me apercebi da altura a que estava, do vento que me ia guiar, e do quão "ingénuo" era todo o material dos parapentes... fiquei de todas as cores. Pior ainda foi quando o João iniciou a descolagem (era um de cada vez, e ele foi primeiro)... vi-o a fazer umas manobras manhosas no ar, com o senhor "guia" atrás dele, todos eles divertidos de braços abertos a fingir que eram pássaro e a balançar por todo o lado como putos num baloiço pendurado nas nuvens, a ganhar e a perder altidude e velocidade... e eu cada vez mais cagada de medo, a fincar os pézinhos no chão e a dizer a um amigo: "Francisco, vai tu! A sério, vai por mim, eu deixo!" Já não estava mesmo a achar piada nenhuma àquela brincadeira!Toda uma Joana já em primórdios de pseudo-pânico e a hiperventilar...
Lá chegou a minha vez, e o João foi o próprio a trazer-me o capacete para colocar. Vinha empolgado e a dizer "tens de ir, vais-te arrepender se deixares escapar esta oportunidade!"... e com essa me convenceu (well, kind of).
Os senhores da organização eram de uma enorme simpatia, e o meu "guia" era um porreiro, tinha uma voz que transmitia imensa calma e segurança, o que me ajudou a posicionar para tirar os pés de cima da falésia e deixar-me levar pelo vento.
Agora (com as patas beeeem fincadinhas no chão) digo que foi uma daquelas experiências que, de facto, valem o que custam. Por meia hora fui presenteada por uma sensação de liberdade única, fui apreciadora de uma paisagem brutal vista de ângulos que de mais nenhuma forma poderia ver, e pude ainda sentir a adrenalina de umas quantas manobras que o meu "guia" lá me convenceu a fazer.
De facto, não teria sido nada fixe perder esta oportunidade pelo medo de arriscar... e com isto, reforço mais uma lição de vida: dar importância aos instintos e forçar-nos a sair da nossa zona de conforto, sempre que possível. É essa a melhor forma de nos sentirmos vivos :)
Tenho de felicitar e recomendar a PlanoAr, empresa pela qual fomos realizar este pequeno sonho de "voar sem asas". Muito profissionalismo e simpatia, obrigado por tudo!
Quanto ao João, ficou com um sorriso nos lábios o resto do dia, e fartou-se de me agradecer. Fico feliz por ter conseguido proporcionar esta experiência aos dois. Já que "a vida são dois dias", mais vale transformarmos tamanha brevidade em algo único <3