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Palavra de Bailarina

Para além de dançar o Mundo, gosto de escrevê-lo

Seg | 15.03.21

Um ano de Covid(a)

Já fez um ano de daquilo a que chamo "Co(vid)a", numa tentativa tonta de dar aguma graça a esta "vida de Covid", que não nos larga nem por nada.

Foi há um ano atrás, completo no dia 13 de março, que para a maioria de nós (aqueles que efetivamente se importam e preocupam com o sucedido), a vida mudou. Tivemos de nos adaptar a uma forma de estar mais isolada, sem afeto dos que moram fora da nossa casa, sem vida social, e muitos sem vida profissional também, perdida pelo caminho. Outros com a nova vida adaptada ao teletrabalho e à telescola, caras enfiadas em máscaras e um frasco de álcool gel a fazer parte da toilette a trazer na mala. 

No meu caso específico, faz um ano que estava grávida, assustada, frustrada e, passo a expressão, "fula da minha vida" por ver a barriga e o bebé com que sempre sonhei crescerem longe dos que amo e que nos querem bem.

Quando nos falaram em duas semanas e, depois, um mês... nunca acreditei. O ser humano não estava preparado para parar de olhar para o seu próprio umbigo, fazer esforços por bens maiores, informar-se devidamente, IMPORTAR-SE... e por isso, a falta de tempo para pararmos, escutarmos e agirmos em conformidade com a situação trouxeram-nos, ironicamente, muito tempo (demasiado, até), para pensar no assunto.

Um ano se passou e, por aqui, o Vicente nasceu, nasceu também uma mãe, um pai, um tio e dois avós maternos (já que do lado paterno todas estas experiências já tinham sido vividas) já lá vão 8 meses. Pensei que iria "vingar-me" por não termos tido um babyshower no primeiro aniversário dele, mas agora já tenho é de me mentalizar que não irá sequer acontecer esta festa.

O Mundo está ao contrário há um ano, com tendência a continuar assim. O que não mudou foram as minhas enormes ausências por aqui, e peço desculpa uma vez mais. Desta vez, ando a aprender a ser mãe, a adaptar-me a esta nova forma de trabalhar (primeiro, com aulas de dança cheias de restrições, desinfeções e máscaras, e agora em modo online), e a gozar este tempo maravilhoso que posso ter com o Vicente a par com o João, também em teletrabalho. Este tempo para gozarmos o nosso filho a dois foi a única coisa boa que nos trouxe este vírus, e ainda assim sentimos falta de não o podermos gozar entre amigos e família.

Vamos crescendo juntos, longe da vista de todos, mas perto dos corações.

Mais uma vez, tentarei estar mais por cá.

Cuidem-se! E cuidem do próximo.