Vontade e falta dela
De tempos a tempos, sinto que quero chegar a todo o lado, mas não tenho energia (mental e física) suficiente para o fazer. Há dias em que apetece ficar na cama, disfrutar de um bom filme sem me sentir "culpada", de comer sem me sentir "culpada", de conviver sem me sentir "culpada", de preguiçar sem me sentir "culpada". Mas porquê tanta culpa? Porque bem lá no fundo do meu ser, estou formatada para sentir que "Preguiça" não é permitido. Que para além de ser um dos pecados capitais, é principalmente (para mim) uma falha. E portanto, neste quotidiano louco que levo (e que, hoje em dia, quase todos levam) permito-me ter os meus momentos e os momentos com os meus, mas sempre com o pinguinho de culpa a correr-me pelo suor. E isso é algo que se torna frustrante, cansativo, intolerante.
Depois deste sentimento (ou, por vezes, sobreposto a ele) vem sempre o mesmo: a vontade insaciável de viajar. De fugir por uns dias, de ir ver, de explorar, de descobrir, de estar longe para depois voltar.
Mas quando não podemos saciar vontades como estas quando queremos... resta-nos fazer contagens decrescentes compridas, desejar que a preguiça vá embora, que o Mundo volte a girar com o frenesim que lhe é costume sem nos custar tanto... com energia, e sem preguiça.
Desculpem lá qualquer coisinha, hoje foi dia de desabafo. A chuva ajudou.